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E estas actualizações que ninguém estava à espera excepto aquelas pessoas que já sabem que ao Sábado é que é?!

Written By Sérgio Pereira on sábado, 27 de novembro de 2010 | 27.11.10

Ah pois, há coisinhas novas e boas neste blog. Não, não nos tornámos num site pedófilo, e se tudo correr bem tal nunca acontecerá. Mas não se vá já embora! Sempre temos notícias surrealistas, crónicas intemporais (vão ver que amanhã ainda não perderam a graça) e três medalhados de prestígio.

Começando pelo início. As notícias estão logo abaixo deste post.
Passando para o último. Pode ver quem são os premiados do mês de Novembro seguindo este link ou mexendo essa mão preguiçosa até onde diz Medalhas.
E agora porque no meio é que está a virtude: as nossas crónicas. Querem uma amostra? Aqui vai então.
O mundo está uma confusão, mas o seu cabelo está perfeit... não, acabou de ser despenteado
Mas o que é que se passa? Está tudo louco? Cada vez entendo menos a gente que povoa este planeta! Não, não é conversa fiada de um lunático sociopata com problemas de variados foros. Bem, talvez seja um pouco, mas não só. É mesmo uma incredulidade abissal sobre o que se tem passado recentemente “por aí”. Vamos a alguns exemplos.
Para continuar a ler esta crónica fantástica de Sérgio Pereira, clique aqui


Diário de um homem com peste negra (continuação - parte 2)
(Encontrado e traduzido do português antigo por Tiago Lacerda)
Ano de Dominé 1337, 13 de Março
Começo a habituar-me ao carrinho de rolamentos. Antes era dificil conduzi-lo só com a mão que me resta, mas já arranjei solução. Pus as 3 ratazanas de estimação cá de casa a puxar como se fosse um trenó. Funciona mais ou menos. Consigo andar bem, mas para travar é complicado. Muitos me perguntam se não é perigoso ter ratazanas super fortes como bichos de estimação. Não sabem nada. Estas ratazanas não fazem mal a uma mosca e desde que as tenho comigo sou muito mais feliz. Mas já se sabe, há o yin e há o yang. Apesar da felicidade que me trouxeram, uma semana depois descobri que tinha contraído a peste. Ainda hoje desconfio daquele olhar de lado que a bruxa da aldeia me deitou.
Se quiser mesmo continaur a ler esta odisseia parva escrita por Tiago Lacerda, clique aqui (a sério tem a certeza que quer ir para esta página?)

E é isto. Um forte abraço e boa Acção de Graças (se souberem do que se trata, claro).
A melhor equipa do mundo (depois do Barcelona)
27.11.10 | 0 comentários

Ladrões! Gatunos! Ingleses!

Vamos levantar rapidamente o esplendor, pois estamos a ser violentados pelos britânicos. E não de uma forma agradável, porque eles estão a violentar-nos mandando o seu mau hálito para cima da nossa cara.
É triste, mas é verdade. Querem tirar-nos o que de melhor Portugal tem: as suas colónias. Tudo por causa de um pormenor insignificante: pretendemos controlar territórios que não nos pertencem. Como jornalista isento que sou, tenho de dizer que isto começa a parecer-me picuinhice por parte desses hooligans bêbados e mal-cheirosos. Vendo bem, tanto Angola como Moçambique já são nossos, por isso que mal faz querer ficar igualmente como senhores dos países que estão no meio desses dois? Não é como se na Zâmbia, no Zimbabué e no Malawi houvesse ouro, especiarias e mão-de-obra às carradas. Aliás, Portugal foi o primeiro país do mundo a abolir a escravatura, por isso nunca nos iríamos aproveitar das gentes desses países. Além disso, nós somos ricos, não precisamos cá dessas coisas que as colónias têm em abundância. Só estamos a colonizar vários países africanos porque têm paisagens bonitas.
Como sabem, o Jazigo não tem orientações políticas. É por isso que peço ao nosso magnífico Rei D. Carlos I que faça frente a esses bastards e que não se deixe intimidar com pressões, ultimatos, ameaças de guerra e de violentação através da violação. Também é altura de o excelso D. Carlos I prometer que, caso Portugal seja o país colonizador de Zâmbia, Zimbabué e Malawi, nenhum destes países passará alguma vez por fome ou conflitos sociais, e muito menos ficarão sob a ditadura de um homem com um bigode super-curto. Estas e outras propostas deverão ser apresentadas num conjunto de papéis onde deverá constar igualmente um mapa pintado com cores sérias (e não uma garrida com níveis de rabichice elevados) onde se poderá ver a zona que o reino português tenciona tratar com carinho e afeição. Quando tal for feito, o Jazigo estará presente para contar, de forma imparcial, a maneira como D. Carlos I vai espezinhar os outros bardamecos.
É preciso fazer, urgentemente, uma campanha transmitindo uma imagem positiva da capacidade de governação portuguesa. Por falar nisso, os republicanos estão controlados.
27.11.10 | 0 comentários

Billy - O garoto (não é tão giro pois não?) comemora o seu parabéns a você.

E hoje, dia 23 de Novembro, o bandido com mais acne e mudanças de voz no Faroeste faz anos. Parabéns ao Billy the Kid. Bill faz hoje 21 anos e ao que tudo indica ainda vai viver uma longa e duradoura vida. Se não reparemos no seu estilo de vida: forma gangues de bandidos, rouba gado, mata pessoas, e é procurado por toda a gente. O que tem este estilo de vida que lhe possa ser prejudicial? Assim de repente não me estou a lembrar de nada. A não ser que um xerife amigo seu lhe espete uma bala no bucho, à traição, mas isso é tão inverosímel, tão inverosímel que é bem capaz de acontecer (isto a vida é assim, é sempre de quem um gajo menos espera que vêm os coices, ou neste caso o tiro que nos leva desta para melhor). De qualquer forma parece pouco provável que o Billy tenha problemas e, mesmo que os tenha, com tantas instituições de consolo a adolescentes mentalmente instáveis (Morangos com Açucar, Hannah Montana, etc...) ele terá sempre em quem se apoiar.
Numa carreira tão curta é impressionante o que este jovem já alcançou (ainda as pessoas falam do Messi e do Ronaldo.... queria ver os meninos bonitos dos grandes espanhóis a matarem um ferreiro aos 17 anos só porque ele se recusava “a fazer dildos metálicos com inscrições da bíblia”). Este homicídio, aliás, foi o que lhe causou maior transtorno. Não se sabendo muito bem porquê, começou a ser procurado por gente arcaica (o primeiro estado a persegui-lo foi o Texas) que achava que a bíblia era sagrada e que nunca se deveria misturar com o sexo a não ser que se fosse republicano. Ou então gente que acha que matar outras pessoas é errada. É uma das duas. Mas como a sorte protege sempre os bandidos e os arguidos da Casa Pia, Billy conseguiu com isso começar a construir a fama e o respeito que todos lhe atribuímos hoje (essencialmente porque temos medo que ele nos dê um tiro).
Billy tem ainda, segundo os rumores que todos os dias chegam à nossa redacção (e que mesmo sendo rumores têm fontes mais credíveis que o Correio da Manhã) muito sucesso junto das mulheres. Tudo bem, na sua maioria são mexicanas, o que torna a coisa mais fácil (TEQUILLA! PUM-PUM! TEQUILLA!), mas ainda assim, tendo em conta que a cara de Billy se parece com a do Wormtail da saga Harry Potter, não está nada mau.
Por falar na cara do The Kid, porquê a cartolinha? Quem é que ele julga que é? O Slash? O Lincoln? Quer dizer, ele é um bandido, não é nenhum presidente que ame de morte o teatro. E se não se é um presidente propicio a execuções ou se não se é capaz de tocar o Sweet Child Of Mine de trás para a frente com um loop no meio, não se deve usar uma cartola. Mesmo que se seja um bandido sem respeito pela lei. Há coisas com que não se brinca Bill!
Bem, de qualquer forma, toda a redacção do Jazigo deseja um feliz aniversário ao Billy The Kid e está satisfeitíssima por anunciar que juntou uns troquinhos e comprou a Billy um presente: uma caixa com dois dildos metálicos. Um com inscrições da bíblia, e outra com inscrições do Alcorão. Só porque achamos que se é para ofender, mais vale ofender toda a gente.
27.11.10 | 0 comentários

Entrevista: Fernando Pessoa

Written By Tiago Lacerda on sábado, 20 de novembro de 2010 | 20.11.10

Poeta, pensador, doidivanas. Três adjectivos que se costumam usar para definir Fernando Pessoa, mas que se podiam aplicar a qualquer pessoa excepto os criadores deste blog. Texto: Tiago Lacerda, Sérgio Pereira, Tozé (amigo imaginário do Tiago), Manu (amigo imaginário do Sérgio), Anacleto (primo do Tozé), Eulália (casada com o Manu e a manter uma relação extraconjugal com o Bolinhas), Bolinhas (enteado do Tozé), Joca (não tem família nem amigos) Foto: Tirada pelo Álvaro de Campos, ou alguém tão inverosímel como ele (não sabemos porque somos, tal como o sujeito da foto, preguiçosos)
O seu primeiro heterónimo chamava-se Chevalier de Pas. Que necessidade foi essa de o seu primeiro amigo imaginário ter um nome larilas?
Sabe, é que eu estava naquela fase das experiências... E um amigo maricas era mesmo o que eu estava a precisar. E, olhe, aprendi muito com o Chevali (era assim que eu o tratava. Já ele alcunhou-me de “Pessoa Verga Boa” devido às vergas boas que eu costumava ter em casa, e que me serviam, sobretudo, para apoiar chapéus de chuva. Em especial chapéus de chuva de senhores africanos). Se hoje sou o homem heterossexual que sou devo-o à brutalidade e ao calor do Chevali.
Teve uma relação conturbada com Ofélia, o seu grande amor. Entre uma relação e outra, o Chevalier de Pas voltou a aparecer na sua vida para “preencher” algum “vazio”?
Não gostei da acusação que se prende nas aspas da sua pergunta. Além disso, já lhe disse que sou heterossexual. Ou quer ver que tenho de ir buscar as minhas plumas e as minhas meias de renda para o provar? Raios partam os jornalistas!
Era dado a misticismos e gostava de ocultismo. Ao mesmo tempo foi o poeta português mais brilhante de sempre. A minha pergunta é: Acha que o Professor Karamba ainda nos vai surprender com espectaculares poemas?
Antes de mais, quero agradecer-lhe por me considerar “o poeta português mais brilhante de sempre”. Realmente já estou farto que o Camões fique sempre com esse estatuto, em grande parte ganho por não ter um olho e por ter escrito uma epopeia ao nível do que os larilas dos poetas gregos fizeram. E depois, não haja dúvida que o Professor Karamba será no futuro um poeta magnífico. Aliás, no mesmo dia que isso acontecer, D. Sebastião regressa e eu ressuscitarei como um estorninho.
Você achava que a monarquia era o sistema político que mais se ajustava a Portugal. Tenho algumas palavras para si: D. Duarte Pio de Bragança e Nuno da Câmara Pereira. Ainda acha que a monarquia é que era giro?
Para si também algumas palavras: Cavaco Silva, Mário Soares, José Sócrates, Álvaro Cunhal, Paulo Portas, Carlos Carvalhas, Vasco Gonçalves, Pedro Santana Lopes. Ainda acha a república espectacular? E não venha cá com Castanheira Barros ou Pinheiro de Azevedo, apesar de bons não compensam o resto.
Se D. Sebastião, em vez de voltar montado num cavalo num dia de nevoeiro, aparecer ébrio numa Segway e numa noite de chuva miúda, acha que continuamos a ter hipóteses de ser o Quinto Império?
Depende. Se ele apaziguar esses monstros sedentos de especulação que são os mercados então sim. Se por outro lado ele se embriagou na Irlanda (o que é muito possível tendo em conta a tradição do país) aí já acho mais dificil. Mas, hei, Quinto Império 4ever!
Não acha que se o Alberto Caeiro gostasse tanto da natureza como diz, se deveria inscrever na Quercus? Já que estamos nisto, que pensa ele do Al Gore?
Deveria, mas se ele entrasse na Quercus teria de ser colega da vedeta que é o Francisco Ferreira, além de poder ser solicitado para fazer o Minuto Verde da RTP, e todos sabemos como o Caeiro é acanhado. Quanto à outra pergunta, ele tem pena do Al Gore. Outro dia disse-me: “Como é que é possível aquele tipo perder umas eleições para um bebedolas ignorante e depois andar a fazer filmes sensacionalistas com pouco fundo de verdade? Ele tornou-se exactamente naquilo que o mundo menos precisava: o fruto de uma one night stand entre Dan Brown e Michael Moore”.
Confirma que Álvaro de Campos tinha erecções a ouvir martelos pneumáticos?
Tinha. Tinha com isso e com brocas, escavadoras e todo o tipo de objecto tecnológico que tenha um duplo sentido que o ligue não só a uma ferramenta, mas também a algo de índole sexual e/ou badalhoca.
Concorda com as sacanagens que o Ricardo Reis fez à Lídia no Ano da Sua (Ricardo Reis) Morte? É que, enquanto fantasma, você não fez tudo o que podia para evitar aquela cafagestisse...
Como ousa questionar a minha acção ou falta dela? Como ousa pensar que, só por eu ter criado o Ricardo Reis, tenho direito a controlar tudo o que ele faz e a dar-lhe uns carolos quando ele se porta mal? E, acima de tudo, como ousa bater em mortos? Mas você quer tornar-se o meu Sousa Lara, é?
Se fosse para uma ilha deserta e só pudesse levar consigo um heterónimo, qual levava e porquê?
Alberto Caeiro não porque passaria o dia a chagar-me com elogios à paisagem monótona; Álvaro de Campos não porque passaria o dia a chagar-me por não haver o “magnífico barulho das máquinas”. Por isso levaria Ricardo Reis, queria vê-lo ser epicurista quando os côcos se acabassem. Além disso, se nessa ilha estivesse Evangeline Lilly, seria mais uma boa razão para levar o heterónimo maricas.
Há vários anos que o podemos ver fora do Café Brasileira com uma chávena de café na mão. Por falar em gente que se senta em esplanadas durante bastante tempo sem fazer um chouriço, já conheceu Ronald McDonald?
Sem fazer um chouriço? Quanto ao Ronald não sei, que penso ser difícil fazer enchidos com carne de ratinho, mas eu não fico sentado sem fazer nada. Estou a meditar em poemas que influenciarão gerações e gerações de poetas. Mais, às vezes chego a estar a pensar na Ofélia nua a fazer três enrolamentos à retaguarda... Oi... Não era suposto você ter ouvido isto. Esqueçamos este assunto.
Ópio ou tinto?
Ópio, tinto, absinto e coca-cola tudo misturado. Primeiro estranha-se, depois entranha-se, ao fim vomita-se, mas bate...! Oh se bate!
20.11.10 | 0 comentários

Não há nada como a primeira vez, não é Sociedade das Nações?


Ocorreu ontem a primeira reunião de sempre da Sociedade das Nações. Todos os famosos e poderosos estiveram lá* e, como não poderia deixar de ser, o seu Jazigo também, de modo a poder-lhe contar tudo! A reunião foi um desfile de gente que não é bonita nem atraente de forma alguma, mas cujas qualificações académicas (imagine-se!) e profissionais os trouxeram onde estão hoje. Resumindo, na reunião estiveram os choninhas que habitualmente se sovam nas escolas, só que desta vez eles têm amigos grandes (e, vá lá, um exército ou dois ) para os protegerem. Os cobardolas! Só porque antigamente um bando de bravos e corajosos se juntava para enfardar no Hitler nos intervalos, não é razão para ele daqui a uns anos se andar a armar-se em parvo. (Até porque armar-se em parvo está tão démode!!!!).
Mas deixando as doces memórias de ver o pequeno Hitler ensanguentado e a choramingar em posição fetal para trás, vamos ao que interessa. Que ceroulas usou o primeiro-ministro chinês? Não sabemos, mas desconfiamos que, no que ao tamanho diz respeito, não deveriam ser muito grandes. Estamos a brincar, é claro! Já sabe leitor, que nós no Jazigo somos danados para a brincadeira. O primeiro-ministro chinês nem sequer tinha cuecas, que para aquilo que o pobre tem a proteger nem vale a pena (isto segundo nos contou fonte próxima do próprio).
A reunião correu sem precalços de maior. Começou com a leitura da mensagem de 14 pontos do presidente Wilson, que foi o principal responsável pela criação desta fantástica sociedade que se usasse mais vezes o rosa funchia só lhe fazia bem (fica a parecer mais magra). Toda a gente acenava feliz enquanto ouvia a mensagem, quando de repente foram todos suprendidos pelo décimo quinto ponto, escrito por Wilson em especial para esta ocasião. O ponto dizia o seguinte: “E mais, vamos ser todos amigos e zelar pela paz, senão lanço-vos com um missíl no trombil. NOT!”. Toda a gente achou imensa graça.**
À saída, os intervenientes mostravam-se felizes pelo início oficial desta organização. Em suma, foi uma linda festa que poderia ter corrido melhor se o primeiro-ministro inglês tivesse dito aos muitos jornalistas políticos que se encontravam presentes de quem eram os sapatos que levava calçados. Eu desconfio que eram Nike mas isso é só um palpite meu.
*Todos os poderosos menos os seguintes países: EUA (também quem é que sente a falta do país mais poderoso do mundo?), URSS (quem passa bem sem o país mais poderoso do mundo também passa bem sem o segundo mais poderoso), Alemanha (perderam a guerra e estão mais enterrados em dívidas que a Irlanda. Imaginar que algum dia voltarão a erguer-se e a ter uma importância mundial é ser um sonhador ou, como dizem os analistas políticos mais terra-a-terra, parvinho.).
** Houve na verdade gente que saiu da sala ofendida. Mas o que são uns míseros 10 países numa reunião de quarenta e muitos?
20.11.10 | 0 comentários

Preparar... apontar... reviravoltas novelescamente giras!

Written By Sérgio Pereira on sexta-feira, 19 de novembro de 2010 | 19.11.10

Se Vasco Santana estivesse na Suiça na passada quinta-feira, 18 de Novembro de 1307, ficaria boquiaberto a pensar “afinal falar com candeeiros não é assim tão parvo!”. Infelizmente não estava e o protagonista da história que vos contarei a seguir não tinha um sentido de humor apurado.

Guilherme Tell e o seu rebento passeavam por Altdorf, uma cidade suiça, quando do nada se viram presos. “Quero um advogado! Quer dizer, um que não seja o Ricardo Sá Fernandes ou o José Maria Martins, é que tenho vontade de ganhar o processo.”, suplicou Tell, mas os guardas levaram-no rapidamente ao governador austríaco Hermann Gessler. “Ao menos tenho direito a um telefonema? É mesmo só para... ham... pedir à minha mulher que venha trazer a bomba de asma do puto, ainda lhe dá algum ataque...”, continuou Tell, ao que o seu filho começou a tossir enquanto revirava os olhos e fazia a coreografia da “Baby One More Time” de Britney Spears. Gessler torceu o nariz: “Hmmm já vi muitos ataques de asma, e isto parece mais ser uma possessão demoníaca, mas confirmamos já. Guardas! Vejam se o pirralho tem roupa interior.”. Após verificarem que o filho de Tell usava umas cuecas por baixo de uns boxers por baixo de umas ceroulas, Gessler continuou: “Pronto, tudo em ordem. Sabe, senhor Tell, um tirano como eu tem de se prevenir, não se pode dar ao luxo de ter gente nas suas terras a mostrar a genitália. Mas passando ao que nos traz aqui. O senhor e o seu filho estão cá metidos num cabo de trabalho que nem vos conto!”. Por esta altura, Guilherme e o piqueno ainda não sabiam o motivo daquilo tudo, facto que rapidamente expuseram ao governador, que clarificou a situação: “Então, vocês estão presos porque não saudaram o chapéu! Que mais havia de ser?”. A admiração na cara dos reclusos era por demais evidente. “Chapéus há muitos, senhor governador!”, poderia Tell ter ripostado, contudo acabou por perguntar “Mas qual chapéu?”. “O chapéu!”. Neste momento é que Gui perdeu as estribeiras, tendo mesmo acabado por usar a frase tornada célebre n’ O Pátio das Cantigas.

Mas que é isto, sua eminência? Porventura não estará sua excelência a desrespeitar leis de direitos de autor? Ou julga que pode vir para aqui citar a minha pessoa sem autorização das entidades competentes, hein?
Vasco Santana

Peço desculpa aos leitores e ao senhor Santana por tal sucesso. Como dizia, após Gui ter usado a famosa frase de Vasco n’ O Pátio das Cantigas©®, o governador esclareceu tudo. “Então, na praça onde os dois foram presos, está um chapéu pendurado que toda a gente deve saudar, para assim demonstrar que me respeita, algo que vocês não fizeram. Por isso, vou tomar uma medida que o senhor Tell não irá gostar mas que divirta o povo. Ora deixem cá ver... Eureka! O senhor vai ter que fazer malabarismo com anões raivosos enquanto engole espadas banhadas em óleo de fígado de bacalhau! Ai espere... a minha mulher acabou ontem o óleo para fazer a depilação... Já sei! O senhor terá que, a 50 passos de distância, acertar com uma seta numa maçã colocada em cima da cabeça do seu filho! Isto vai ser engraçado!”.

E foi. Especialmente porque Guilherme Tell acertou. Na maçã, entenda-se. Se tivesse acertado na cabeça do puto não era engraçado, era hilariante. Mas quando tudo parecia resolvido, o malvado governador Gessler viu uma segunda lança nas costas do recente herói. “Então para que é isso?”, perguntou Hermann. “Ah, é para caçar javalis para o jantar, nada de mais.”, tentou safar-se Bill. “Hmmm... hesito. Cá para mim essa seta era destinada a mim.”, ao que Gui respondeu insolente “Se o senhor for um javali então sim, é destinada a si”. “O quê, está a chamar-me javali? Fique sabendo que este mês ainda só engordei dois quilos. Guardas! Prendam-no!”. Desta forma foi levado o herói Tell de barco para ser preso no Castelo de Küsnacht. E assim teria sido, se uma tempestade não tivesse ameaçado os passageiros do barco no qual, além de Tell e os guardas, estava também o governador maldito. Tendo que recorrer a uma solução de recurso para salvar as várias vidas em jogo, os guardas desprenderam Willy Tell que acabou por atracar tranquilamente o barco, aproveitando depois para fugir dos malfeitores. Mais tarde, quando Gessler e os guardas chegavam a Küsnacht para passar a noite, Tell pegou na sua besta e numa seta para matar o tirano, dando assim liberdade ao povo suiço. Já o filho de Tell foi parar a Inglaterra, pois confundiu o Robin dos Bosques com o seu pai.

Ah, e viveram felizes para sempre.

Sua reverência está a arriscar-se. Não bastava citar a minha pessoa e um filme onde entrei, ainda vem aqui utilizar referências ao sketch “Mas qual papel?” dos Gato Fedorento, a palavra “piqueno” de Manuela Ferreira Leite, já para não falar que contou a fábula de Guilherme Tell e misturou-a com a história de Robin dos Bosques, acabando com uma frase típica de um conto infantil. Você é um ilusionista e um vaidoso.
O mesmo senhor de há bocado

Peço novamente desculpas. E para quem se sentir incomodado aqui tem:

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Metam os símbolos onde quiserem.
19.11.10 | 0 comentários

Coisas novas e boas, booooas , boooooaaaas!

Written By Tiago Lacerda on sábado, 13 de novembro de 2010 | 13.11.10

Como sempre já estão disponíveis as notícias destas semana. E como em termos semanais a presente corresponde à segunda do mês, temos também as já famosas anacrónicas das quais vos deixa-mos um pequeno cheirinho em baixo. Ora observem lá:

Kenobi- "No entanto, acrescentou o responsável, o perigo pode mesmo vir do país vizinho, onde terão sido detectados campos de treino paramilitar destinados a movimentos anarquistas.” In jornal I, 9 de Novembro de 2010

Não raras vezes comecei a escrever estes textos, que mensalmente envio pela nave do correio interespacial, de forma sobranceira. Afinal é fácil para mim comentar os acontecimentos que em 2010 causam reboliço pois novecentos anos depois as coisas normalmente acalmaram o suficiente para se ter uma opinião a frio. Além disso, com os dados todos torna-se fácil dar uma explicação para coisas que aparentemente não a têm (tirando talvez as escolhas de Jesus no Dragão....." Continuar a ler aqui

Eucaristides - "O ultraje de ver aberrações homossexuais aos beijos aquando da passagem do Santo Papa por Barcelona chegou a mim depois de uma longa viagem por entre as escorregadias fendas dos séculos. O que o ultraje tem de bom é o facto de nunca cair em desuso especialmente se formos católicos. Há sempre coisas com que ficar revoltado, e nenhuma delas é causada por nós (só porque somos uma religião que não comete erros. Somos rigorosos e humanitários, como também o são os nossos amigos nazis, por exemplo)." Continar a ler aqui

José de Neendertal- "Se houve algo no século XXI que acompanhei com relativo interesse nos últimos meses foi a emocionante história dos mineiros chilenos. Ninguém percebe melhor o sofrimento dessa gente que durante tanto tempo ficou fechado nas profundezas da terra como aquele meu opositor político que eu fechei há meio ano numa gruta de Mira d’Aire. Tenho de fazer tudo o que for preciso para manter a democracia na Idade da Pedra." Continuar a ler aqui

Machete Guerra- "Esta não é uma crónica. Esta é uma carta aberta que serve como pedido de desculpas. Um pedido de desculpas que se extende a um sem fim de pessoas que, nos últimos dias, se sentiram abismadas, amedrontadas e, quiçá, um pouco apoquentadas ou mesmo abespinhadas. Já acabrunhadas foram menos, e então amofinadas foi um número tão insignificante que nem merece relevo. Mas é melhor deixar-me de rodeios utilizando palavras sinónimas e ir ao cerne da questão: peço desculpa." Para continuar a ler presentei-nos com um clique aqui

13.11.10 | 0 comentários

Benfica torna-se no clube com mais adeptos em todo o mundo. Pais de família festejam com festival de pancada nas suas mulheres

O Benfica entrou esta semana no livro dos recordes do Guiness como a equipa que mais segurança movimenta por todo o mundo. São aos milhares os policias que já deixaram de prender bandidos para protegerem o Miguel, por exemplo (irónico, não é?). Ah, dizem que também entrou para o livro do Guiness como a equipa que mais adeptos tem em todo o mundo. Esta informação foi confirmada pelo Guiness, mas não pelo bom senso. Uma equipa que não faz nada de especial na Liga dos Campeões (a maior prova do futebol) há anos é a maior? Claro que não. Tem é mais adeptos que é algo completamente diferente. Grandes, grandes são um Barcelona, um Manchester, um Sintrense (estou a brincar, o Sintrense não é grande. Mas por outro lado, nunca teve um presidente vigarista... é uma questão de escolhas). Claro que se o leitor for uma pessoa dada a usar a lógica (religiosos not allowed) percebe que isto é claramente uma treta. Quem nos Estados Unidos (sem ser obviamente portugueses), e no seu perfeito juízo, preferia apoiar o Benfica ao Chelsea ou ao Inter, por exemplo? Pelos títulos que ganha? Dificilmente. (A não ser que os adeptos dos States fiquem malucos com Taças da Liga surripadas por mãos inexistentes, aí a história muda de figura...!). Pelos títulos que ganhou em mil novecentos e...? Dificilmente, eu não sou nenhum Luís Freitas Lobo, mas do que percebo de futebol as pessoas que têm de escolher um clube tendem a escolher o que ganha, não o que já ganhou (ou então escolhesse o Sporting...).
Mas como conseguiu o Benfica chegar aqui? Em Portugal foi fácil. Bastou ser apoiada por um certo senhor durante anos para “ganhar” campeonatos e conquistar um povo analfabeto que se deixava maravilhar com tudo, mesmo com as roupas do cardeal Cerejeira, apesar de estas serem claramente do mais rabeta que havia (e na altura estavam na moda os hippies...). Depois foi só uma questão de imigração. Os portugueses obrigados a fugir do mesmo regime que apoiava o clube espalharam a “benfiquice” pelos sitios onde foram trabalhar, concluindo assim o malévolo plano de Oliveira Salazar.
Agora que tem este estatuto, que vai o Benfica fazer? Não sabemos. Mas sabemos o que adeptos por todo o lado em... Portugal fizeram. Desataram as camisas semi-abertas no peito em alegria e agora preparam-se para se enfrascarem em tremoços, cerveja e reminiscências do tempo em que ganhavam coisas importantes. Em seguida chegarão a casa ainda ébrios e se a mulher não tiver o jantar na mesa a uma temperatura ambiente, e os miúdos não tiverem o cabelo mais ou menos penteado, então vai ser estalada de meia noite.
Um dia normal na vida de um benfiquista portanto.
13.11.10 | 0 comentários

Adieu, adiós, auf wiedersehen, até sempri galera!

Ele vem aí e ameaça destruir tudo à sua passagem. Não, não estou a falar do FMI, mas sim do exército napoleónico liderado por Junot. Soldados franceses rumam a Portugal com o objectivo de expandir o império de Bonaparte através de destruição, pilhagens e a utilização de música de Bob Sinclar. Um mal nunca vem só, e nada torturará tanto como ver as nossas casas e campos arderem por completo enquanto se ouve a alto e bom som “Feel the Love Generation”.
Em tempos de crise, a população volta-se para a família real. Nesses mesmos tempos, a família real volta-se para umas férias de sonho num destino paradisíaco por tempo indeterminado. Apesar de D. João VI ter dito, em exclusivo ao Jazigo, que esta visita ao Brasil era “mera cortesia” (a palavra “cortesia” até faz sentido, pois leva a corte toda atrás de si), os gritos histéricos de D. Maria I “Vêm lá os franceses, eu não estou maluca, vêm lá os franceses” fizeram-me desconfiar. Claro que já é de conhecimento geral que D. Maria I é maluca, mas também toda a gente sabe que A Piedosamente Louca enjoa quando anda de barco, por isso não ia para o Brasil por “dá cá aquela palha”. Por “dá cá aquelas barras de ouro, escravos e especiarias” ainda acreditava que se sujeitasse a esse sacrilégio.
No meio desta confusão, estava o petiz D. Pedro IV, o filho de D. João VI. O moleque parecia estar num estado tão ou mais demente que a avó (D. Maria I), pois encontrava-se já dentro do barco a dar gritos à Tarzan e batendo com os punhos no peito. Depois de cinco minutos a gritar “Independência ou porrada!”, a mãe, Carlota Joaquina, lá lhe deu um tabefe e o puto calou-se. Ao seu lado estava o outro pequeno princípe, D. Miguel, que fazia festas a um gato que tinha no colo enquanto soltava um riso maléfico: “Mwa ha ha, um dia tudo será meu!”. Farto daquela família tão estranha, fui entrevistar a populaça.
“Então isto é fácil: viramo-nos para Deus e para a nossa primorosa família real que de certeza nada de mal nos acontecerá”, disse-me um aldeão na sua completa inocência e iliteracia. “A família real pirou-se para o Brasil, com medo”, decidi eu informar o analfabeto de dentes podres. Perante uma nova demonstração de candura através da frase “Oh diabos! Então resta-nos Deus”, eu decidi replicar “É provável que os ingleses nos venham ajudar, e Deus e ingleses nunca se deram propriamente bem”. Neste momento poderia dizer que o aldeão começou a fazer contas à vida, mas para isso ele tinha de saber matemática. Por isso vou descrever o momento como “um ser humano masculino com um aspecto semelhante ao de um primata ficou a cismar em como não perder o seu rebanho para as mãos dos franceses”. “Acha que com este ancinho consigo assustá-los?”. Santa ignorância! “Eles têm armas, aquelas coisas que deitam pólvora e machucam sobremaneira”. “Ah, então é melhor eu ir ver ali de uma coisa”. E posto isto o aldeão começou a correr pelos campos como um desalmado. Soube mais tarde que ele pegou num bote com o objectivo de “ir só ali até ao Brasil fazer uma vénia ao Rei”, mas passados dois quilómetros de sair da Ericeira desmaiou de cansaço e caiu inanimado no mar. A perda não foi grande, e o ganho foi imenso: neste momento só preciso mesmo de saber como tomar conta de um rebanho.
13.11.10 | 0 comentários

Em tempos de crise verificam-se classificados não é? Então ide vê-los!

Written By Tiago Lacerda on sábado, 6 de novembro de 2010 | 6.11.10

Olá amigalhaços de duas pernas e casas hipotecadas, tudo bem?
Esperamos que sim. Como sabem estamos em tempos de crise e por isso, esta semana, disponibilizamos mais alguns classificados para vos ajudar a gastar ainda mais dinheiro do que o que já devem ao vosso banco.
Não se esqueçam de se manter também informados com as notícias desta semana (em baixo disponíveis).
Era isto.
Um beijo na testa e um apalpão maroto para as raparigas e um abraço fraternal para os rapazes dos:

Autores do Jazigo, Tiago e Sérgio
6.11.10 | 0 comentários

JFK dá um tiro nos sonhos de Nixon e é eleito presidente! Família Kennedy na lua com vitória presidencial.

“Hoje vai ser uma feeeesta! Bolo e laranjada muitos doces para ti...” é ao som do clássico “Parabéns” da dupla Batatinha & Companhia que se comemora a vitória de John F. Kennedy nas presidenciais norte-americanas. Por toda a sede de campanha, palhaços com o símbolo dos democratas dançam e disparam sonoros tiros para o ar (qualquer dia ainda alguém se aleija com esta brincadeira...), e a familia Kennedy abraça-se chorando de emoção. JFK venceu Nixon depois de uma campanha difícil. Por todo o lado se difunde a ideia de que esta vitória se deve ao bom desempenho de JFK na televisão, mas John não vê as coisas desta forma e cavaleirescamente prefere dar o mérito ao adversário “Eu não fiz nada de especial. Limitei-me a ser bem parecido, simpático e bem educado, o normal portanto. O trabalho para a minha vitória quem o fez todo foi o Richard que suou que nem um porco durante a entrevista”. Os sons de “Oing Oing” que em seguida encheram a sala impediram-me de perceber o que este verdadeiro gentleman estava a dizer, embora seja verdade que mesmo que não houvesse imitações de ruidosos suínos a invadir a sala, o facto de JFK insistir em pôr um dedo no nariz de forma a este ficar em forma de porquinho enquanto falava comigo também não ajudava a comprensão.

À medida que o presidente é cumprimentado telefonicamente por todos os grandes líderes mundais, a sua família começa a aproveitar-se de ser a familia do presidente. Com estes olhos de jornalista que a ciência há-de preservar para sempre, vi eu dois imberbes Kennedys apalparem as senhoras do catering que iam passando. Tudo bem, eram realmente aquilo a que nos anos 20 se chamava de “jeitosas”, mas isso não é razão para lhe encherem a blusa de baba de camelo e lhe irem lambendo os peitos enquanto a senhora exasperada exclama que só quer trabalhar.

Quando um fax chegado da redacção me avisou que Nixon estava prestes a entrar na sua sede de campanha, saí e dirigi-me à mesma. Quando lá cheguei o contraste entre o ambiente das duas sedes não podia ser mais distinto. A sede de campanha de Nixon parecia um antigo ginásio abandonado. A música era inexistente, o ar era frio e um cheiro a suor impregnava o ar. Correntes de ar carregadas de tristeza e planos para arrombar hotéis começados por W levaram Nixon até ao pódio onde a custo proferiu o seu discurso de derrota.

Enquanto Nixon (ainda a suar como eu nunca vi ninguém) fazia o seu discurso mais e mais pessoas foram aparecendo para apoiar o vencido candidato à presidência dos Estados Unidos. Achei estranho foi que todos insistissem em vir vestidos de negro e em entrar pelas janelas superiores como se isto fosse um assalto qualquer. Deve ser por causa desta demoníaca moda dos ninjas!

Finalizada a cobertura das eleições dirigia-me para casa ao pé coxinho (era sexta-feira e eu às sextas vou sempre para casa ao pé coxinho) quando tropeçei num sinal de propaganda e caí. Estendido no chão com uma perna ferida, dei por mim a contemplar a lua cheia dessa noite. Quão longe estaremos de chegar à Lua? De atingir o céu? Não sei, a humanidade ainda deve demorar, mas os imberbes Kennedys a esta hora já embarcaram para o céu a bordo do barco de maravilhas presente no meio das pernas da senhora do catering.
6.11.10 | 0 comentários

Preparem-se para ficar viciados, chegou o passatempo mais divertido sobre o assunto mais maçador de sempre!


Filas enormes esperaram durante horas e horas ontem, dia 5 de Novembro, em frente aos supermercados de todos os Estados Unidos. Homens vestidos com fatos cinzentos escuros, chapéu da mesma cor e óculos de massa esboçavam sorrisos, exaltando-se cada vez que alguém anunciava o que ia acontecer a todo o momento. Os minutos passavam e a multidão exasperava, tentando arranjar formas variadas de se entreterem. Brincar com ábacos, experimentar resolver o Teorema de Fermat, determinar equações exponenciais com 10 incógnitas, tentar prever um novo crash da Bolsa, tudo valia para esta gente. Obviamente que, enquanto jornalista, podia e devia ter falado com alguém presente nessas filas, mas como as pessoas que as constituiam eram todas contabilistas e eu não estava preparado para começar uma conversa desinteressante, limitei-me a observar a urbe.

Por fim, as portas abriram-se. Ao contrário da chacina que aconteceu quando foi lançado o Jogo do Ganso (no qual quatro crianças Morreram, três caíram no Poço e sete ficaram perdidas no Labirinto logo ao segundo lançamento de dados), a multidão entrou calma e ordeiramente. Mas depois lembrei-me “Ah pois, são os azucrinantes dos contabilistas, a Ivete Sangalo teria de estar em palco umas sete horas para esta gente levantar poeira”. Devagar lá se foram dirigindo para as prateleiras, com um sorriso cada vez maior. Ao pegarem na enorme caixa branca com um velho a acenar com o chapéu, a alegria era incomensurável. “Yuppy! Já não estava tão contente desde que desviei aqueles 50 dólares ao senhor rico para o qual trabalho! Ups!”, gritou um, quando finalmente adquiriu aquilo porque esperava há tanto tempo.

A partir daqui, o processo foi sempre igual e, diga-se em abono da verdade, entediante. Contabilistas entravam, pegavam no jogo, compravam e saíam a correr em direcção a casa para passarem as próximas duas semanas a fazer rolar os dados no tabuleiro. Infelizmente, um deles veio ter comigo depois de ter obtido o jogo. “O senhor é jornalista?”. “Não, sou um mísero transeunte”, tentei eu safar-me. “Veio comprar o jogo também?”. “Hã... Não, estou aqui há espera de uma pessoa que, por acaso, também é transeunte”, enquanto olhava em volta e tentava pôr cobro à conversa. “Pois devia ir comprá-lo, é um jogo fantástico, pode pagar impostos e comprar ruas e construir casas e apartamentos e hotéis e depois comprar também as empresas que fornecem serviços básicos como água e electricidade, e ainda tornar-se magnata dos caminhos-de-ferro, mas tem de ter cuidado para não ir parar à prisão, pois fica uma, duas ou três vezes sem jogar a não ser que pague a fiança ou que consiga lançar os dados e obter dois 1, dois 2, dois 3, dois 4, ...”. Esta explicação das regras do jogo continuou por mais seis horas que passaram a voar - e esta expressão não é utilizada por acaso, dado que tinha um avião para apanhar, pois no dia seguinte (se bem que 18 anos antes) ia acontecer a Revolução Russa. Porém, achei por bem não enfadar o leitor com o relato dessas seis horas.

Perdido que estava o avião e como não tinha leite em casa, resolvi entrar no supermercado, evitando contacto físico e ocular com qualquer contabilista que ainda por lá andasse. E eram muitos, pois estes queriam o jogo mas queriam ainda mais escriturar as finanças de gente que não o faz porque tem uma vida. Lá cheguei à secção dos frescos e peguei numa embalagem de leite, preparado para sair dali. Contudo algo me moveu em direcção às prateleiras onde estava o jogo de que todos falavam, e peguei num exemplar, seguindo depois para a caixa do supermercado. Quando lá cheguei, uma senhora com ar cansado perguntou “Outra vez? Se vejo mais um contabilista ou este jogo à frente despeço-me!”. Tive de replicar: “Antes de tudo sou jornalista. E depois não faça isso, com este crash da Bolsa e esta economia seria difícil arranjar um emprego e acabaria por ir viver para a rua, onde está frio e gente assustadora e perigosa que a poderiam magoar...”, “Oh homem cale-se antes que me deixe dormir com essa conversa! Diz que é jornalista mas a falar parece contabilista! Vá-se embora, rápido!”.

E cá estou eu em casa. Fiz agora uma paragem para escrever esta notícia, depois de ter passado as últimas 12 horas seguidas a jogar Monopólio. É um jogo muito interessante! Ao início as ruas são baratas mas depois o preço começa a crescer e a crescer e a crescer ainda mais, tem de se ter cuidado com as finanças e não pensar em ir logo comprar apartamentos e hotéis junto do Central Park, porque senão ficamos sem dinheiro para pagar os impostos e ainda podemos ir pre... Bolas, maldito contabilista que veio falar comigo, já me pegou a doença.

6.11.10 | 0 comentários

O outro projecto destes dois dementes

O Jazigo das Notícias

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