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Adieu, adiós, auf wiedersehen, até sempri galera!

Written By Sérgio Pereira on sábado, 13 de novembro de 2010 | 13.11.10

Ele vem aí e ameaça destruir tudo à sua passagem. Não, não estou a falar do FMI, mas sim do exército napoleónico liderado por Junot. Soldados franceses rumam a Portugal com o objectivo de expandir o império de Bonaparte através de destruição, pilhagens e a utilização de música de Bob Sinclar. Um mal nunca vem só, e nada torturará tanto como ver as nossas casas e campos arderem por completo enquanto se ouve a alto e bom som “Feel the Love Generation”.
Em tempos de crise, a população volta-se para a família real. Nesses mesmos tempos, a família real volta-se para umas férias de sonho num destino paradisíaco por tempo indeterminado. Apesar de D. João VI ter dito, em exclusivo ao Jazigo, que esta visita ao Brasil era “mera cortesia” (a palavra “cortesia” até faz sentido, pois leva a corte toda atrás de si), os gritos histéricos de D. Maria I “Vêm lá os franceses, eu não estou maluca, vêm lá os franceses” fizeram-me desconfiar. Claro que já é de conhecimento geral que D. Maria I é maluca, mas também toda a gente sabe que A Piedosamente Louca enjoa quando anda de barco, por isso não ia para o Brasil por “dá cá aquela palha”. Por “dá cá aquelas barras de ouro, escravos e especiarias” ainda acreditava que se sujeitasse a esse sacrilégio.
No meio desta confusão, estava o petiz D. Pedro IV, o filho de D. João VI. O moleque parecia estar num estado tão ou mais demente que a avó (D. Maria I), pois encontrava-se já dentro do barco a dar gritos à Tarzan e batendo com os punhos no peito. Depois de cinco minutos a gritar “Independência ou porrada!”, a mãe, Carlota Joaquina, lá lhe deu um tabefe e o puto calou-se. Ao seu lado estava o outro pequeno princípe, D. Miguel, que fazia festas a um gato que tinha no colo enquanto soltava um riso maléfico: “Mwa ha ha, um dia tudo será meu!”. Farto daquela família tão estranha, fui entrevistar a populaça.
“Então isto é fácil: viramo-nos para Deus e para a nossa primorosa família real que de certeza nada de mal nos acontecerá”, disse-me um aldeão na sua completa inocência e iliteracia. “A família real pirou-se para o Brasil, com medo”, decidi eu informar o analfabeto de dentes podres. Perante uma nova demonstração de candura através da frase “Oh diabos! Então resta-nos Deus”, eu decidi replicar “É provável que os ingleses nos venham ajudar, e Deus e ingleses nunca se deram propriamente bem”. Neste momento poderia dizer que o aldeão começou a fazer contas à vida, mas para isso ele tinha de saber matemática. Por isso vou descrever o momento como “um ser humano masculino com um aspecto semelhante ao de um primata ficou a cismar em como não perder o seu rebanho para as mãos dos franceses”. “Acha que com este ancinho consigo assustá-los?”. Santa ignorância! “Eles têm armas, aquelas coisas que deitam pólvora e machucam sobremaneira”. “Ah, então é melhor eu ir ver ali de uma coisa”. E posto isto o aldeão começou a correr pelos campos como um desalmado. Soube mais tarde que ele pegou num bote com o objectivo de “ir só ali até ao Brasil fazer uma vénia ao Rei”, mas passados dois quilómetros de sair da Ericeira desmaiou de cansaço e caiu inanimado no mar. A perda não foi grande, e o ganho foi imenso: neste momento só preciso mesmo de saber como tomar conta de um rebanho.

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