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Entrevista: Fernando Pessoa

Written By Tiago Lacerda on sábado, 20 de novembro de 2010 | 20.11.10

Poeta, pensador, doidivanas. Três adjectivos que se costumam usar para definir Fernando Pessoa, mas que se podiam aplicar a qualquer pessoa excepto os criadores deste blog. Texto: Tiago Lacerda, Sérgio Pereira, Tozé (amigo imaginário do Tiago), Manu (amigo imaginário do Sérgio), Anacleto (primo do Tozé), Eulália (casada com o Manu e a manter uma relação extraconjugal com o Bolinhas), Bolinhas (enteado do Tozé), Joca (não tem família nem amigos) Foto: Tirada pelo Álvaro de Campos, ou alguém tão inverosímel como ele (não sabemos porque somos, tal como o sujeito da foto, preguiçosos)
O seu primeiro heterónimo chamava-se Chevalier de Pas. Que necessidade foi essa de o seu primeiro amigo imaginário ter um nome larilas?
Sabe, é que eu estava naquela fase das experiências... E um amigo maricas era mesmo o que eu estava a precisar. E, olhe, aprendi muito com o Chevali (era assim que eu o tratava. Já ele alcunhou-me de “Pessoa Verga Boa” devido às vergas boas que eu costumava ter em casa, e que me serviam, sobretudo, para apoiar chapéus de chuva. Em especial chapéus de chuva de senhores africanos). Se hoje sou o homem heterossexual que sou devo-o à brutalidade e ao calor do Chevali.
Teve uma relação conturbada com Ofélia, o seu grande amor. Entre uma relação e outra, o Chevalier de Pas voltou a aparecer na sua vida para “preencher” algum “vazio”?
Não gostei da acusação que se prende nas aspas da sua pergunta. Além disso, já lhe disse que sou heterossexual. Ou quer ver que tenho de ir buscar as minhas plumas e as minhas meias de renda para o provar? Raios partam os jornalistas!
Era dado a misticismos e gostava de ocultismo. Ao mesmo tempo foi o poeta português mais brilhante de sempre. A minha pergunta é: Acha que o Professor Karamba ainda nos vai surprender com espectaculares poemas?
Antes de mais, quero agradecer-lhe por me considerar “o poeta português mais brilhante de sempre”. Realmente já estou farto que o Camões fique sempre com esse estatuto, em grande parte ganho por não ter um olho e por ter escrito uma epopeia ao nível do que os larilas dos poetas gregos fizeram. E depois, não haja dúvida que o Professor Karamba será no futuro um poeta magnífico. Aliás, no mesmo dia que isso acontecer, D. Sebastião regressa e eu ressuscitarei como um estorninho.
Você achava que a monarquia era o sistema político que mais se ajustava a Portugal. Tenho algumas palavras para si: D. Duarte Pio de Bragança e Nuno da Câmara Pereira. Ainda acha que a monarquia é que era giro?
Para si também algumas palavras: Cavaco Silva, Mário Soares, José Sócrates, Álvaro Cunhal, Paulo Portas, Carlos Carvalhas, Vasco Gonçalves, Pedro Santana Lopes. Ainda acha a república espectacular? E não venha cá com Castanheira Barros ou Pinheiro de Azevedo, apesar de bons não compensam o resto.
Se D. Sebastião, em vez de voltar montado num cavalo num dia de nevoeiro, aparecer ébrio numa Segway e numa noite de chuva miúda, acha que continuamos a ter hipóteses de ser o Quinto Império?
Depende. Se ele apaziguar esses monstros sedentos de especulação que são os mercados então sim. Se por outro lado ele se embriagou na Irlanda (o que é muito possível tendo em conta a tradição do país) aí já acho mais dificil. Mas, hei, Quinto Império 4ever!
Não acha que se o Alberto Caeiro gostasse tanto da natureza como diz, se deveria inscrever na Quercus? Já que estamos nisto, que pensa ele do Al Gore?
Deveria, mas se ele entrasse na Quercus teria de ser colega da vedeta que é o Francisco Ferreira, além de poder ser solicitado para fazer o Minuto Verde da RTP, e todos sabemos como o Caeiro é acanhado. Quanto à outra pergunta, ele tem pena do Al Gore. Outro dia disse-me: “Como é que é possível aquele tipo perder umas eleições para um bebedolas ignorante e depois andar a fazer filmes sensacionalistas com pouco fundo de verdade? Ele tornou-se exactamente naquilo que o mundo menos precisava: o fruto de uma one night stand entre Dan Brown e Michael Moore”.
Confirma que Álvaro de Campos tinha erecções a ouvir martelos pneumáticos?
Tinha. Tinha com isso e com brocas, escavadoras e todo o tipo de objecto tecnológico que tenha um duplo sentido que o ligue não só a uma ferramenta, mas também a algo de índole sexual e/ou badalhoca.
Concorda com as sacanagens que o Ricardo Reis fez à Lídia no Ano da Sua (Ricardo Reis) Morte? É que, enquanto fantasma, você não fez tudo o que podia para evitar aquela cafagestisse...
Como ousa questionar a minha acção ou falta dela? Como ousa pensar que, só por eu ter criado o Ricardo Reis, tenho direito a controlar tudo o que ele faz e a dar-lhe uns carolos quando ele se porta mal? E, acima de tudo, como ousa bater em mortos? Mas você quer tornar-se o meu Sousa Lara, é?
Se fosse para uma ilha deserta e só pudesse levar consigo um heterónimo, qual levava e porquê?
Alberto Caeiro não porque passaria o dia a chagar-me com elogios à paisagem monótona; Álvaro de Campos não porque passaria o dia a chagar-me por não haver o “magnífico barulho das máquinas”. Por isso levaria Ricardo Reis, queria vê-lo ser epicurista quando os côcos se acabassem. Além disso, se nessa ilha estivesse Evangeline Lilly, seria mais uma boa razão para levar o heterónimo maricas.
Há vários anos que o podemos ver fora do Café Brasileira com uma chávena de café na mão. Por falar em gente que se senta em esplanadas durante bastante tempo sem fazer um chouriço, já conheceu Ronald McDonald?
Sem fazer um chouriço? Quanto ao Ronald não sei, que penso ser difícil fazer enchidos com carne de ratinho, mas eu não fico sentado sem fazer nada. Estou a meditar em poemas que influenciarão gerações e gerações de poetas. Mais, às vezes chego a estar a pensar na Ofélia nua a fazer três enrolamentos à retaguarda... Oi... Não era suposto você ter ouvido isto. Esqueçamos este assunto.
Ópio ou tinto?
Ópio, tinto, absinto e coca-cola tudo misturado. Primeiro estranha-se, depois entranha-se, ao fim vomita-se, mas bate...! Oh se bate!

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