A comunidade católica está em festa, em parte porque todos os dias é dia de um santo qualquer. Mas esta festa também acontece porque desapareceram todas as provas de que Jesus era apenas um ser humano. As fotografias em que se podia ver o Messias a arrear o calhau foram destruídas, os relatos áudio de amigos dizendo que Ele gostava de frango frito com piri-piri foram destruídos por Pinto Monteiro (não se sabe se os conteúdos de fotografia e áudio estão relacionados), e na última terça à noite foi dado o golpe definitivo.
Gianluca Cornigallutti, um templário de 33 anos, encontrava-se com um pelotão responsável por guardar o túmulo de Sara Cristo, suposta filha de Jesus, e o Santo Sudário – ou, como os guerreiros lhe chamam, “este trapo que já cheira a mofo”. Os templários dirigiam-se para o Instituto Ricardo Jorge, no Porto, onde seriam feitas análises de ADN para comprovar o parentesco entre Jesus e Sara. Na última paragem da viagem, na Mealhada, os templários encheram o bandulho de leitão e Casal Garcia. “Não conseguimos evitar, aquele restaurante com a publicidade de um porco bebé sorridente vestido à cozinheiro estava a chamar por nós!”. Gianluca, pouco habituado a este tipo de vida boémia, rapidamente acusou o excesso de álcool, ao ficar em roupa interior, subir para cima de uma mesa e cantar “O meu chapéu tem três bicos”, com um focinho de leitão a servir de microfone.
A partir daqui foi a desgraça. Anjos, Paulo Gonzo, André Sardet, Tonicha, a noite de Karaoke seguiu por caminhos pouco ortodoxos. Ainda a noite só tinha começado – eram três da manhã – quando Gianluca saiu para as traseiras do restaurante e expulsou a enorme quantidade de bebida que tinha ingerido, bem como aqueles M&M’s que tinha comido há 20 anos. A mistura de vinho branco, chocolate e amendoim levantou um cheiro nauseabundo que se espalhou pelas redondezas. Mas o mais atingido pelo odor foi Arlindo, o cavalo dos Templários que carregava o reboque com o caixão de Sara Cristo e o Santo Sudário. Afectado profundamente pelos aromas do Diabo, Arlindo ficou tão irrequieto que se soltou das correias que o prendiam a um poste, e saiu disparado rumo a um destino longínquo e misterioso: Vila Nova de Poiares.
O reboque foi encontrado vazio em Penacova, enquanto que Arlindo foi visto numa patuscada com dois esquilos e um louva-a-Deus em Arganil, e com o Santo Sudário a fazer de toalha de mesa. O caixão foi dado como perdido pelos Templários, e a Polícia Judiciária já se encontra a investigar o seu paradeiro. Só que o livro sobre o caso que vai ser lançado na próxima semana por Gonçalo Amaral, intitulado “Sara – A Mentira na Dúvida sobre se é Verdade”, promete não ajudar muito a investigação. Destaque ainda para a companhia de seguros dos Templários, que já veio a público afirmar que “o contrato não cobre perdas de cadáveres por parte de mamíferos quadrúpedes”, e o máximo que podem fazer é emprestar, por uma semana, um animal de transporte: o burro Julião.
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