Sigamos a abelha-rainha (Sérgio Pereira)
Tiago e Sérgio
Notícias com sete palmos de testa
É com grande neutralidade do tipo ph0 que anuncio que foi editado o primeiro livro da História. Johannes Gutenberg, um inventor alemão, imprimiu várias cópias da Bíblia. É para já difícil compreender a magnitude deste feito, pois não se sabe muito bem como vai receber o público uma obra que exagera tanto em termos de ficção. Nos poucos depoimentos que conseguimos obter – foram poucas as pessoas que encontrámos na rua sem dentes podres e que soltassem palavras e não grunhidos – foi possível perceber que um livro de Nicholas Sparks, Paulo Coelho ou Margarida Rebelo Pinto seriam muito mais bem recebido, porque, segundo um homem da Renascença (mais conhecido como homossexual no século XXI), “as histórias de amor lamechas são popularmente mais bem recebidas do que aquelas onde há incesto, fraticídios, infanticídios e crucificações”.
Este pé atrás que as pessoas estão a colocar em relação à Bíblia de Gutenberg pode ser prejudicial para o futuro do alemão, que se arrisca a morrer na miséria, algo nada comum entre os génios desta altura. Se bem que se tal acontecer a culpa até se pode atribuir ao Jonas, que não percebe visivelmente muito de marketing. Numa conversa com um monge copista, este disse que “quando o primeiro livro que se imprime e edita é um calhamaço com quase 1300 páginas, ou se é idiota ou se é cidadão de um país que no futuro fará coisas terríveis à Humanidade”. Resta esperar pelo futuro eterno para perceber qual das hipóteses está certa. Confrontado com a hipótese de, se este negócio da impressão e edição dar certo, o seu trabalho correr sérios perigos, o monge copista afirmou “Seria um escândalo! Mas não me admiraria, pois já se sabe que toda a gente está contra o pequeno comércio e, principalmente, contra homens carecas que se fecham num mosteiro, fazendo sabe lá Deus o quê.”.
Já Jonas prestou poucas declarações, pois encontrava-se ocupado a imprimir a primeira revista masculina, algo que o mesmo prontamente desmentiu dizendo “Não, não, isto é... pfff... uma revista para as mulheres... hã... poderem fazer comparações e... e... e descobrir as diferenças entre o seu corpo e o destas meninas bem jeitosas. Puramente didático. Peço desculpa, tenho de ir ali à casa-de-banho”. Como nesta altura ainda não há casas-de-banho estranhei um pouco, mas lá esperei. Passado quinze minutos lá voltou o Jonas com um sorriso maroto na cara, dizendo o seguinte sobre a Bíblia que editou: “É um livro claramente interessante e muito desafiador, porque ninguém consegue perceber com exactidão quantos cogumelos alucinogéneos tomaram as pessoas que o escreveram.”.
Foi hoje criada em Londres a primeira Associação Internacional dos Trabalhadores. Esta organização que lutará pelos direitos dos trabalhadores foi fundada por Karl Marx (não podemos dizer que haja uma grande surpresa aqui, pois não?!) e começou por definir na sua primeira reunião se os seus membros deveriam fazer uma greve já ou esperar para fazer mais tarde (aqui se falava de uma greve para a semana que vem). O consenso foi difícil de encontrar até porque, vários participantes descontentes com a falta de harmonia e sobretudo com o facto de não haver uma decisão sobre a greve, entraram em greve contra o facto de ainda não se ter decidido quando se fazia a greve.
A partir daqui a comunicação ficou difícil. Enquanto Marx coçava de forma erudita a sua barba ouviam-se gritos de ordem variados. “O Marx é cocó e os seus discursos não decisivos fazem-nos fazer ó ó!” e “A luta continua! Não decisão sobre a continuação da luta, para a rua!” foram alguns dos que mais se ouviram. Mas por fim, passadas que estavam algumas horas, as partes chegaram a consenso e os grevistas calaram a matraca. Agora era só decidir quando abririam a sua revolucionária boca outra vez. Mas isto já não demorou muito tempo. Passado cinco minutos Marx levantou-se e disse “Em verdade vos digo, que a religião é o ópio do povo”. Ficou tudo tipo “Marx hellooooooooo! ´Tamos a tentar decidir greves, minha porca, não tem nada a ver com isso. Por isso vê se te calas e se despes esse soutien que te está a apertar tanto que conseguimos ver um bocadinho dos teus pulmões”. Marx sentou-se desiludido e não falou mais o resto da reunião.
Quando por fim a data da greve foi decidida, foi uma festa. Eles saltaram, eles pularam, eles fizeram enrolamentos atrás, foi maravilhoso de se ver, pelo menos para quem gosta de ginástica. Quando um dos trabalhadores estava em pleno ar (fazendo triplos mortais agachados de olhos fechados e pernas cruzadas atrás das costas) lançou a piada que acabaria por dar cabo do que restava do espírito de Marx “E se as teorias do Marx pegassem e por causa disso se criasse uma super-nação que ganhasse em todos os jogos olímpicos?”. A gargalhada foi geral, tal era o nível de idiotice do cenário.
Passavam já das cinco e meia da manhã quando a reunião acabou. Quando saí em direcção ao meu apartamento pensava para comigo “Será que tenho ovos em casa?”. Acabei por decidir que tinha e fui para casa. Ao chegar a casa outro pensamento, este mais fraquinho que o anterior, electrizou-se na minha mente qual Pikachu a tentar defender-se de ser molestado, “É impressão minha ou esta Associação Internacional dos Trabalhadores faz tudo menos trabalhar?”. Depois de analisar estupefacto esta constatação, dirigi-me furioso com a hipocrisia dos trabalhadores ao frigorifico. Toda a gente sabe que se há algo que me acalma o espírito é uma omeleta. E se eu precisava daquela omeleta!! Descobri que não havia ovos.
Fo#$%?&!