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“Não, ainda não te consigo perdoar, dá-me um tempo... Mais exactamente uns seis anos.”

Written By Tiago Lacerda on sábado, 23 de outubro de 2010 | 23.10.10

Foi hoje, dia 18 de Outubro de 1951, assinado pelo presidente dos Estados Unidos, Harry Truman, um armisticio que põe um fim oficial ao estado de guerra entre os EUA e a Alemanha. Esta medida vem calar a boca de alguns críticos que acusam o Presidente Truman de não tomar medidas a tempo e de apenas tomar decisões burocráticas sem real efeito na vida dos americanos. Mamem Porcos! Quem é que não toma medidas a tempo agora? Em declarações que eu vou dizer que são exlusivas, Truman confessa estar “Satisfeito por finalmente ver os dois países em paz. Algumas pessoas dirão que há paz desde 1945, mas isso são claramente pessoas que nunca estiveram na mesma sala com alemães desde 45. Era cada olhar de esguelha! Bem, um clima de cortar à faca horrível! Mas agora com a assinatura deste documento importantíssimo, temos esperança, que essas divergências possam ser postas de lado.” Sorridente, o presidente continuou a falar com os jornalistas, numa conversa que alguns por de certo classificariam de importante, mas que o meu sentido de verdade me obriga a rotular de entediante, mal-cheirosa e pouco fofinha.
Como sou um jornalista nada dado a elitismos, depois de ouvir as declarações do presidente desloquei-me no meu Roll´s Royce até a um rua cheia de gente do povo. Ao sair do carro fui olhado com estranheza, sentimento que eu nunca esperaria que o meu casaco de peles de raposa provocasse. Passado pouco tempo percebi, contudo, que estas pessoas simples me tinham aceitado e estavam dispostas a falar comigo. O factor mais sintomático desta evidência foi talvez o rapto da minha filha. Ao levarem-me a pequena e deixarem-me um cartão no carro com a seguinte frase “Ou nos dás 400.000 doláres ou a tua filha falece, ricalhaço” as pessoas evidenciaram uma enorme vontade de falar comigo novamente. Fiquei contente, e como não sou um homem de desperdiçar opurtunidades, decidi aproveitar ao máximo a ausência da miúda que tantas vezes me complica o trabalho.
Ao perguntar a uma pessoa comum (um velho senhor com uma pala negra sobre a vazia órbita do olho direito) a sua opinião sobre a assinatura destes documentos, recebi uma resposta elucidativa do estado de espírito da populaça “o Presidente assinou o quê?!? Então mas não estávamos já em paz?! Mau, tu queres ver que tenho de ir lutar outra vez com os nazis?! Já perdi um olho não quero perder outro...” . Esta resposta, além de esclarecedora, fez com que também perdesse o meu carro. Pois no tempo em que o sr. Sparrow me contou a história de como perdeu o olho (uma curta fábula de 3 horas e meia que envolve papagaios comedores de olhos e um palhaço nazi domador de papagaios comedores de olhos) o meu carro foi roubado. Moderadamente chateado com a forma como esta reportagem estava a correr decidi ligar para os senhores que raptaram a minha filha. Ao desligar o telefone fiquei furioso. Os imbecis recusaram-se terminantemente a prestar declarações sobre a assinatura do armistício. Que animais! Como é que são capazes de negar declarações a um jornalista desesperado?! Que bestas... Ah, e também me disseram que se quisesse a minha filha a podia ter de volta. Ao que parece a petiz começou a fazer das dela, e eles já não a podem ver à frente e afirmam que “respiraremos de alívio no momento em que a virmos pelas costas”. Acontece às vezes, mas comigo não que sou pai dela e a amo mais que tudo neste mundo. Bom, está na hora de acabar esta reportagem e ir buscar a pequena aos raptores, faz hoje dois meses que não a vejo e começo a sentir saudades.

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