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Martim amigo, as pessoas que pecam estão contigo!

Written By Tiago Lacerda on sábado, 30 de outubro de 2010 | 30.10.10

Os gritos de blasfémia inundavam as ruas qual arquipélago português mal desenhado. A revolta era grande e efusiva, tão grande como a revolta existente numa manifestação da CGTP e tão efusiva como uma parada gay. Por entre a multidão que se formava há volta da igreja, serpenteavam os acólitos do demo, os cléricos da desgraça, os alunos de Martim Lutero. Todos eles vestidos de preto, não por ser o traje da seita, mas apenas por estar na moda. A multidão analfabeta olhava para a cópia das 95 teses de Lutero e imaginava o que dizia. “Ele quer deitar abaixo a Santa Sé para poder fornicar no altar!” gritava um mais espedito. “Não, não, ele quer utilizar as igrejas para invocar o Diabo” afirmava a alto e bom som um homem dono de um conhecimento enciclopédico. “Falsidades, ele apenas aponta as contradições e falhas da igreja que estão a corroê-la por dentro e a matar o espírito de Cristo”, exclamava um maluquinho. Ninguém o ouviu. É o que dá fazer declarações mais ou menos lógicas.
Por todo o lado reacções como estas repetem-se. Desde que Martinho Lutero se insurgiu contra as políticas da igreja, colocando as suas já famosas 95 teses na porta da capela de Wittemberg, tem sido o caos. Fontes próximas de Lutero afirmam que o alemão não pertendia dar início a esta revolução religiosa. E que apenas queria não ter de pagar por cada pecado que cometia “é que sabe”- conta-nos um homem com grandes barbas ruivas e chapéu amaricado -“ele é gajo para pecar muito. Ao ritmo que ele peca não há dinheiro que resista”. Estas declarações foram. no entanto. desmentidas ao Jazigo pelo próprio Lutero em pessoa. “Quem é que lhe disse isso?” – é a primeira pergunta que um Lutero em boxers e com voz roufenha nos faz. “Isso é tão falso como as mamas da Luciana Abreu, Deus as tenha debaixo de olho. A minha intenção era alertar os espíritos das pessoas, não fugir ao pagamento por pecar demasiado! Até porque eu sou um homem que peca pouco.” Dito isto Lutero retirou-se para dentro de casa, onde este jornalista conseguiu vislumbrá-lo a iniciar actos homosexuais com dois rapazes usando como protecção uma coisa a que chamava de “pre-ser-va-tivex”. Com os clamores de “Satan!! Satan!!” de Lutero nos ouvidos abandonei o local.
Dirigia-me ao local onde tudo começou. Dirigia-me a capela de Wittemberg. Mas acabei por perceber que era estúpido. Quer dizer, o padre da capela de Wittemberg deve ter mais ou menos a mesma opinião que o que dá a missa na capela ao pé de minha casa. Para quê por quilómetros em cima do novo burro? Está a vida boa, não!
Ao entrar na igreja, os gemidos de dor devido ao manifesto de Lutero encheram-me o coração de angústia. Mas depois apercebi-me que era apenas o Padre Afonso a aplicar as suas (também já famosas) 95 estocadas. Depois de o Paulinho nos ter deixado, a conversa com o Padre Afonso correu solta. “Que acha desta coisa toda do Lutero e não sei quê?” perguntei eu astutamente, recorrendo aos meus muitos anos de experiência e ao mestrado em jornalismo que tirei por pombo correio. “Uma blasfémia!”. E foram basicamente estas as declarações do Padre Afonso. Ele falou mais, como vos disse a conversa correu solta, mas posso facilmente resumir o conteúdo de 12 horas de conversa sobre Lutero nestas duas palavras. Pena que o Padre Afonso não tenha conseguido.

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