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Plebeus recebem atenção devida = mínima possível

Written By Sérgio Pereira on sábado, 30 de abril de 2011 | 30.4.11

Esta foi uma semana conturbada para a populaça que normalmente não tem direito de antena. Por essa mesma razão, a redacção do Jazigo decidiu dar uma de humanista e adoptar um menino africano. Depois deu-lhe um bloco de notas e uma caneta para a mão e mandou-o fazer notícias sobre a arraia-miúda. Aqui está o resultado.






Beata faz exorcismo por acidente
A tragédia deu-se na aldeia de A-dos-Anjos. Maria do Calvário, beata convicta e amante do padre Elias, transportava dois litros de água-benta num balde para encher a pia da igreja, quando tropeçou num Hot Wheels do filho e atirou com o balde para cima de Tomé Carrilho, o adolescente gótico da aldeia. Fumo e gritos foi o que se seguiu, mas já é normal o louco do Ti Constâncio deitar fogo à casa enquanto canta Aerosmith, dia sim, dia não. Quanto ao jovem, encontra-se em casa a descansar, e afirmou em exclusivo ao Jazigo que vai processar a beata, pois não acha “normal” um Hot Wheels estar parado no meio de uma rua inclinada. Tomé acrescentou ainda que “não passou tudo de uma armadilha de Deus” e quer “o demónio de volta para me atormentar a alma, ando feliz e não gosto”. Já Maria do Calvário não quis prestar declarações, mostrando mesmo hostilidade ao atirar-me com Transformers para sair da sua propriedade.

Gang assalta banco de esperma
Três indivíduos encapuzados e o Tóni Naifadas foram apanhados por câmaras de segurança e um esquilo a dançar o tango junto do pelourinho de Vila de Cima. Estes criminosos, conhecidos pela polícia e amigos como Gang das Gomas de Ursinhos, assaltaram na mesma noite um banco de esperma, levando consigo três copos cheios, um vazio e outro com sabonete líquido da casa-de-banho. Num acto que a polícia considera de “compensação pelo roubo”, um dos ladrões encapuzados deixou ficar a sua própria amostra de sémen dentro de um copo, no sofá da recepção, na tampa da retrete da casa-de-banho dos funcionários e ainda no candeeiro de uma das salas de recolha de amostras.

Pescador azarado apanha escaldão mas deixa-o fugir
Roberto Catita, de 43 anos, ignorou todas as regras de pesca ao sair do porto de Urtigas-de-Cima às onze da manhã, em busca de sardinhas e sereias. Aliado à fraca sorte de não vir nada na rede, Roberto ficou com as costas em vermelho-escarlate após quatro horas de exposição ao Sol sem usar protector UV 50 da Nivea. Como um azar nunca vem só, Roberto nem chegou a poder gabar-se de ter apanhado um escaldão, pois ao atracar no porto as costas estavam curadas e de volta à sua cor normal, preto-fuligem. Aquilo que se pensava ser um escaldão não passava de uma alergia ao ar salgado. Roberto já desistiu de ser peixeiro e trabalha agora como vendedor porta-a-porta de colchões e aspiradores.

30.4.11 | 0 comentários

Missa do 2º mês do falecimento de Rodolfo Kenobi

Written By Sérgio Pereira on sábado, 23 de abril de 2011 | 23.4.11

 Convidam-se todos os interessados e também os familiares de Rodolfo Kenobi a participarem numa homilia a realizar na Igreja do Sagrado Coração de Padmé Amidala, no planeta D’Agostini, na próxima terça-feira, dia 26 de Abril. O evento servirá para relembrar a memória do mítico sociólogo e também do pai dele, que tem Alzheimer e não se lembra do dia em que se esqueceu do filho num Toys ’R’ Us para ir a um bar de strip-tease. A missa será servida por uma empresa de catering de Chelas e a música ficará a cargo da Banda da Cantina de Mos Eisley. Já o padre será Eucaristides Borga II, que construiu uma máquina do tempo após se cansar de correr atrás de mulheres bonitas e todas nuas. Quem estiver a pensar ir leve isqueiros. Os co-autores do Jazigo levam o diluente, dessa forma estão reunidas as condições para queimar o local.
23.4.11 | 0 comentários

Nada agrada a gregos e troianos, excepto Helena, um cavalo, e Helena e um cavalo


Está tudo farto de guerra. É esta a conclusão a que se chega ao ver gregos preparando uma retirada de Tróia. Meninos! Se vissem os americanos a aguentar ali estoicamente no Afeganistão, até tinham vergonha de lutar de túnica! Mas bem, são gregos, gostam mais de pensar do que andar a carregar espadas e arcos de trás para a frente. Se bem que, segundo cálculos a que o Jazigo teve acesso de forma exclusiva, um livro do Aristóteles pesa mais do que todo o armamento do exército helénico.

E tudo isto exactamente por causa de Helena, essa meretriz espartana que trocou o marido Menelau por Páris, o príncipe troiano, a badalhoca. Agora se permitem a este modesto jornalista dar uma opinião, é para mim mais que claro que eles se amam, tal como Édipo amava a mãe. Em conversa com Menelau, o rei espartano confidenciou-nos: “Obviamente que esta atitude dela só podia dar em guerra. Tudo bem que foram demasiados anos a lutar, mas ainda assim muitos menos do que dura uma novela da TVI. Só que também não posso ser julgado. Quem é que não comete uma loucura ou outra quando a nossa esposa é muito idêntica à Diane Kruger?”. Confrontado com a hipótese de Helena ter fugido por culpa de má performance sexual do marido, Menelau respondeu irado: “O QUÊ? Nem pensar, é tudo mentira, provavelmente da Briseida, essa troiana maldita que só causa confusão! Deixou o Aquiles louco, virou-o contra o Agamémnon, fez um arroz de cabidela com um soldado morto, … maldita hora em que a raptámos!”.

Com a guerra acabada, o que se seguia? Em conversa com Aquiles, fiquei muito perto de me tornar larilas. Aqui ficam as declarações essenciais do guerreiro que é também pai de meia dúzia de meninos africanos: “Ai, o futuro, o futuuuuuro, ui! O futuro é uma incógnita maior do que a orientação sexual do José Carlos Malato. Teremos de esperar para ver. Para já tenho aqui este enorme cavalo de madeira, giríssimo, que o Ulisses idealizou, para dar de prenda aos troianos, por todo este transtorno e sujeira que criámos. Sem segundas intenções, é mesmo só para compensar os estragos. Dez anos de guerra, ainda por cima por causa de uma mulher - que nojo! – é coisa para deixar umas nódoas nas alcatifas bem difíceis de tirar. Por isso vamos deixar este cavalinho aqui e vamos embora, ninguém precisa de se preocupar mais com mortes e invasões e isso”.

Seja por influências do arco-íris que Aquiles emanava da boca, seja mesmo por sinceridade, o cavalo é mesmo uma obra-prima. Parabéns Ulisses, por esta preciosidade vale a pena até a tortura mais desumana com o canto das sereias e também todos estes anos afastados da esposa, que compensa a falta de Bunga-Bunga fazendo renda de dia e desfazendo à noite. E dezenas de homens à espera dela, pronto para o que der a vier, mas ela nada. Além de pobre e mal-agradecida, também passa por má costureira. 

Contudo, tenho a dizer que há algo de estranho com o cavalo. A barriga é muito grande e saliente. Se calhar é uma égua e está prenha. Os troianos que tenham cuidado, se aceitarem este cavalo ainda se habilitam a que lhes nasçam uns potros dentro das muralhas da cidade.
23.4.11 | 0 comentários

Há duas coisas que precisa de saber antes de ler esta notícia: o seu autor é muito geek, e o Dumbledore foi despedido. O resto é conversa à lá Mundungus.

“Se a raiva matasse tanto como uma mordidela de basilisco, o Ministro da Magia estaria mais morto que o Nick Sem Cabeça - espera mau exemplo - estaria mais morto que O Barão Sangrento, que sejamos verdadeiros, toda a gente está mais morta que o Nick”. Foi com estas declarações que um retrato de Hogwarts que se quis manter anónimo, começou por contar ao Jazigo os acontecimentos da noite passada que culminaram com o despedimento de Albus Dumbledore.
Albus Dumbledore, agora ex-director de Hogwarts, foi despedido depois de uma acesa troca de palavras com o Ministro da Magia e está agora a monte (mas não de uma maneira homossexual, apesar de haverem de facto alguns rumores...). As informações sobre o que se passou ao certo no gabinete do centenário director, são quase tão escassas como a quantidade de champô usada por Severus Snape, mas ainda assim o Jazigo teve acesso a algumas.
Ao que parece o director teve uma enorme divergência educativa e política com o Ministro que apenas não chegou a vias de facto porque bem, era o Dumbledore, e as pessoas queriam continuar a comer sem o auxílio de uma palhinha mágica. Relatos não confirmados afirmam que Harry Potter se encontrava no gabinete aquando do desaguisado, mas se há coisa que eu já aprendi como jornalista foi a nunca confiar em informações que me são dadas pelas gémeas Patil. Estão bem informadas, mas metade das coisas são apenas rumores, e isso não é bom para o negócio do jornalismo. A não ser que escrevamos para a Voz Delirante. Ou para o Correio da Manhã.
Já mais calmo, Cornelius Fudge falou hoje de manhã aos jornalistas: “em primeiro lugar quero dizer que é mentira que o Dumbledore me tenha transfigurado as orelhas numa vagina com dentes. Em segundo, gostaria de pedir a toda a comunidade para nos ajudar na caça ao Dumbledore. E digo isto literalmente. Precisamos de pelo menos cem feitiçeiros ou um professor Bambu, para podermos ter uma oportunidade de o vencer”.
Agora que Dumbledore está fora, o cargo de director de Hogwarts vai ser assumido por Dolores Umbrigde, ou como também é conhecida no mundo da feitiçaria uma p=$% do C#”$%&/!
23.4.11 | 0 comentários

O Jazigo faz downsizing e vira a Gazeta lá da sua terriola.

Written By Tiago Lacerda on sábado, 16 de abril de 2011 | 16.4.11

Só para não nos acusarem de apenas fazermos jornalismo em grande, esta semana decidi noticar acontecimentos muito regionalzinhos.










Vaca da aldeia dá á luz
Foi na passada terça-feira que a vaca da aldeia, Lurdes, deu à luz no Hospital uma criança de seu nome Hospital. O bebé pesa 3 quilos e não é particularmente bonito. O pai da criança é oficialmente desconhecido, embora toda a gente saiba, que na realidade é o João da “Motos, motos, moooooootooooooos”. O Jazigo gostaria de dar os parabéns à mãe do petiz, mas infelizmente, para todos os desesperados da aldeia, esta faleceu. Numa notícia relacionada, as audições para Vaca da Aldeia vão realizar-se brevemente. As candidatas devem ser badalhocas mas livres de doenças.

Carnes do Talho dos Afonsos detidas para interrogatório
A ASAE aprendeu ontem as carnes do talho dos Afonsos. Havia desde há muito suspeitas de que “os bifes não se estavam a portar condignamente” e que estavam ”a dar grandes diarreias a quem deles usufruía”, mas foi uma surpresa constatar que também as costeletas e os bifes de perú são suspeitos de estarem envolvidos em práticas menos claras. Ao que o Jazigo conseguiu apurar junto de uma fonte anónima chamada António, a ASAE desconfia que as carnes tenham vindo do Leste da Europa com o propósito de “cometer crimes de deliciosidade e concorrência desleal”. Quem não achou piada nenhuma a esta história foi mesmo o senhor Mexia, dono do negócio de família que é o Talho dos Afonsos, que se viu, segundo o próprio, “fodido com isto tudo. Agora que vendo eu? Orelhas de porco, não?”.

Idosa começa a babar-se em plena missa
Foi um escândalo aquilo que se passou na Igreja no passado Domingo. A senhora Lucrélia, que até era uma pessoa temente a Deus, começou a babar-se de tal forma que estragou a carpete da igreja. “Estou muito desiludido”. Foram estas as únicas declarações que Jesus Cristo fez ao descer dos céus para observar o estado do outrora maravilhoso tapete, “isto era material do bom, pá! Ikea!!”. A senhora já se mostrou arrependida e tem passado os dias a rezar, mas a fúria da aldeia é grande de mais para ser aplacada desta forma. A queima na fogueira da senhora Lucélia está marcada para as 4 da tarde de amanhã.

O filho do Jerónimo da Padaria é rabicho
Foi ao som de “Tu-tu, tu-tu, mexe o Tu-tu” que o filho do Jerónimo da Padaria anunciou no Sábado a toda a aldeia que o seu irmão era rabicho. O irmão do filho do Jerónimo da Padaria já veio confirmar esta notícia a público, fazendo para isso acompanhar-se de um caniche ao colo e de uma mala a imitar Louis Vitton. Não disse abertamente que era larilas, mas quem é que ele quer enganar? A queima na fogueira do irmão do filho do Jerónimo da Padaria está excepcionalmente marcada para as oito da noite. A hora tardia foi escolhida porque toda a gente acha que um larilas queimado dá um maravilhoso fogo de artifício.
16.4.11 | 0 comentários

Por vezes os jornalistas tropeçam nas notícias, outras vezes têm de contorná-las


Durante o dia 15 de Abril apeteceu-me dar uma volta. Sair, apanhar sol, ar e, com sorte, uma garota de 9 anos. Dei por mim em Illinois, nos Estados Unidos. Mais concretamente em Des Plaines. “Que estou eu aqui a fazer?” foi o meu primeiro pensamento, “Será que nesta cidade existem escolas primárias?” o segundo. Comecei a dar a volta à cidade, mas depressa percebi que não havia nada para ver. Uma urbe da década de 50 com 50 mil gatos pingados torna-se desinteressante ao fim de 50 horas de caminhada. Até que algo aconteceu. Uma miragem, pensei ao princípio. Uma dádiva de Deus, pensei depois. O cansaço de 50 horas non-stop a andar está a fazer-me passar para o lado negro, foi a conclusão mais lúcida. Aproximei-me lentamente, como um leão da sua presa. Mas depressa percebi que não era uma escola primária, e aquilo que eu pensava ser uma petiz não passava de um anão imberbe e travesti.

À frente dos meus olhos estendia-se uma fila enorme. Não porque houvesse muitas pessoas, mas porque as que perfaziam a fila eram tão gordas que ocupavam vários metros quadrados cada uma. Aproximei-me de uma senhora com bigode e sabrinas rotas, para a indagar do motivo daquele ajuntamento. “É o paraíso na Terra! Vai abrir hoje! Estou tão emocionada que era quase capaz de o comer, se não tivesse uma orelhas tão finas.”. Afastei-me lentamente, como uma presa com medo que o leão comece a correr. Dirigi-me para onde a fila estava voltada, ou melhor, dirigi-me para a foz de um tumultuoso rio de baba. E nessa foz encontrava-se uma pequena casa pré-fabricada. “Queres ver que o lobo mau apanhou os três porquinhos e agora vai distribuí-los por esta gente mais esfomeada que um futuro filho da Angelina Jolie?” foi a metáfora perfeita para perceber que precisava de me sentar, comer e beber qualquer coisa. Como cá fora não havia bancos disponíveis (apenas três, ocupados por um senhor que era o primeiro da fila), entrei dentro daquela casa.

O odor era intenso, mas a minha transpiração da longa caminhada foi imediatamente suplantada por um cheiro a fritos que não se podia. E o pior, nada de cachopas menores de idade. “Mas que vem a ser isto?”, perguntei indignado. “Isto é o paraíso na Terra!”, gritou-me a senhora da fila, provando que o excesso de gordura lhe destruiu o sentido do gosto mas apurou-lhe o da audição. “Isto é o primeiro McDonald’s de sempre”, respondeu-me uma cozinheira de dentes podres e dedos gordurosos. “E então do que se trata este McDonald’s?”, perguntei continuando sem perceber. “Está a ver aquela gente toda lá fora? Pronto, vá, aquelas seis pessoas com 300 quilos cada uma. Elas são capazes de comer qualquer coisa, até uma placa de contraplacado. E nós aproveitamos  para fazer negócio com isso. Basta meter ketchup, maionese e sementes de sésamo por cima do contraplacado.”. 

Pronto, estava explicado, não precisava de saber mais nada. Antes de sair daquele estabelecimento pude comprovar a qualidade da madeira e de uma bebida que oscilava entre água suja e água do Darfur. Não, esperem, se calhar era mesmo só água suja. Contente e com as forças reestabelecidas levantei-me, paguei a conta, lavei uns pratos para conseguir pagar a conta (quem diria que comer árvores ficava tão caro) e perguntei onde podia encontrar uma moça que não soubesse o que são equações exponenciais. “Tenho uma dessas em casa”, respondeu a cozinheira, e a minha felicidade atingiu o seu apogeu. Pude finalmente fazer aquilo que tanto perseguia: brincar às bonecas e à cabra-cega – sorte das sortes, a miúda era mesmo cega! Foi um pagode que nem vos conto.
16.4.11 | 0 comentários

Faxineiras em greve por falta de condições e de gorjetas que não envolvam apalpões no rabo

Written By Sérgio Pereira on sábado, 9 de abril de 2011 | 9.4.11


Uma semana especialmente sangrenta, dizem alguns. Uma sorte em só ter perdido um braço e o nariz, dizem os habitantes do Médio Oriente. Seja como for, este início de mês não tem sido nada fácil para as senhoras da limpeza. Tal como disse Maria Gorete ao Jazigo, “em Abril Sonasol mil”. As desgraças têm-se catapultado, e sorte serem só as desgraças. Se catapultam mesmo uma pessoa imaginem a sujeira que isso não cria.

“O pior são as alcatifas, o sangue entranha-se, mistura-se com a urina de gato e os restos da lasanha, chego a passar duas horas de cócoras a esfregar sem descanso. E já não estou habituada a tanto esfreganço de cócoras desde que o meu marido Joca se meteu com a badalhoca do 3º esquerdo. Antes essa que a vaconça do 5º direito, só sabe sair de casa para ajudar os esfomeados e os sudaneses”. Os relatos sucedem-se, quais boatos sobre o tipo de tampões que fulana X usa. E não, sangue azul-esverdeado não é normal. A não ser que morem em Marte. Ou no Japão. Ou no Barreiro. 

Infelizmente, pouco tempo têm tido as faxineiras para cuscar. Só neste mês já vão três acontecimentos calamitosos, a exigirem o trabalho árduo das rainhas da higiene. “Primeiro foi aquele lanudo do Kurt Cobain, suicidou-se com comprimidos. Não causou grande transtorno, o vómito de Valium sai bem com um pouco de lixívia. Por um lado ainda bem que o fez, já começava a ficar farta da quantidade de pêlos que todos os dias tirava do ralo da banheira. Ele com aquele cabelo e a mulher com o que vinha das axilas. E os púbicos também. Mas principalmente os das axilas.”. Pousando por um momento a esfregona, Guilhermina de Jesus tenta mostrar-me as maravilhas do último catálogo da La Redoute, mas a minha peça estava longe de estar terminada e saí em passo apressado.

Seguiu-se Layne Staley, o eterno vocalista dos Alice In Chains. Quem o encontrou foi Felisberta Inácio: “Então não é que fui dar com o moço morto no sofá com uma agulha espetada no braço e vários medicamentos e drogas à sua volta? Não podia ter feito isso na banheira? Era só despejar dez litros de ácido sulfúrico lá para dentro e não tinha mais problemas! Agora assim tive de usar uma mistura de limão, hortelã-pimenta e óleo de fígado de bacalhau para não sentir o cheiro do cadáver em decomposição. Já as nódoas saíram bem, bem-haja ao senhor por usar o speedball, a mistura de heroína e cocaína. Se tivesse sido com Pikachu era bem pior. E não era só por causa dos choques eléctricos que deixavam o sofá impregnado de um cheiro a carne queimada, também era por a fenilciclidina estar cara, neste momento o dimenidrinato compensa mais”. A esta altura percebi que já tinha informação mais do que suficiente. “Não quer ver esta revista da Oriflame?”, gritou-me Felisberta quando eu me encaminhava para a porta com as mãos a tapar as orelhas e a gritar “LA LA LA LA LA LA”.

Uma última paragem era necessária. A conversa com Patrocínia Conceição foi rápida, visto na perspectiva de um miúdo de dois anos que ainda não aprendeu o conceito ‘tempo’. “Então já viu que um rapazinho chamado Dead se matou? As ironias da vida! Era tão bom moço, limpava ele próprio o sangue das galinhas que sacrificava, desinfectava as correias e as facas com que se torturava, não fazia mal a ninguém excepto aos animais que encontrava mortos… Para umas experiências científicas, dizia ele e eu acredito, que não percebo nada destas pessoas genial.. génias… génitairias, vá. E ele faz uma destas! Pelo menos deixou um bilhete a pedir desculpa pelo sangue, só para verem os bons modos que o rapaz tinha. Nunca falhava um ‘bom dia’, respondia sempre com um grunho! Enfim… vidas! E depois veio aí o amigo e colega dele, o Neurónyos ou Euronymous ou lá como se chama, e ficámos ali os dois de boca aberta a ver aquilo, ele tirou umas fotografias, rapaz artista o Eurocoiso, e depois pegou nos miolos do Dead e fez um guisado. Tenho-lhe a dizer, o piqueno tem um dedinho para o sal…! Provei um bocadinho e estava daqui. E aquilo tinha um ingrediente secreto lá pelo meio, ainda lhe perguntei mas não me quis dizer. Desconfio de esterco de cabra montesa. Ou isso ou coentros. Mas vou para o primeiro. O sabor dos coentros é mais enjoativo. Não quer ver o que diz do seu signo na TV Guia?”.

E chegou assim ao fim uma aventura mortífera. E algo nojenta. E com relativo mau gosto. Mas estas duas últimas pouco. Só a parte do limão é que foi esticar de mais a corda. Agora vou comer. Talvez uma posta de salmão. Diz que fica bem regado com molho de Valium e óleo de fígado de bacalhau, tudo fervido num dente de alho. Até para a semana.
9.4.11 | 0 comentários

Maldição horrível, doença mistério ou iogurte fora do prazo matam Lord Carnavon!

Written By Tiago Lacerda on sexta-feira, 8 de abril de 2011 | 8.4.11


Faleceu ontem de forma triste para a família, mas muito gira para o resto das pessoas, George Edward Stanhope Molyneux Herbert, o Lord Carnavon. A morte ocorreu no Egipto, mais precisamente no Cairo. Ou para ser ainda mais preciso, no Cairo no bairro do Gato Coxo, sobre uma mesa de póquer rodeada de anciãs viciadas em chá de tília.
As causas da morte do egiptólogo são muito misteriosas. Médicos legistas com horas e horas de estudo em cima, disseram no local à laia de palpite que “Huuuum ou muito me engano ou isto foi uma maldição!”, mas passado algumas horas, e depois de alguns testes já realizados, só se ouvia falar de uma explicação mais terra a terra “Huuuum, isto é doença desconhecida enviada por Anúbis, ou então Rá. Mas espera hoje é terça, não é? Então foi mesmo Anúbis, o Rá não amaldiçoa â terça que diz que dá enguiço!”. Claro que a populaça, como sempre, não esperou por ouvir a voz sábia e experiente do pessoal especializado, e começou logo a dizer que “Huuuum, isto foi alguma coisa que ele comeu que lhe caiu mal! Eu mesma, ontem comi uma rã frita e aquilo não me saiu bem, fiquei com o estômago aos saltos. Não devido à comida em si, mas sim devido a esta piadola facílima e desengraçada que Tiago Lacerda decidiu fazer sobre o meu estômago!”.
(E assim se derruba a quarta parede num texto, caro leitor. Para a semana vou ensinar-lhe como decorar em termos esta quarta parede, mas até lá trate de ler o resto da notícia e pare de se masturbar. Avô estou a falar contigo!)
Lord Carnavon era conhecido entre outras coisas por ter financiado a exposição que permitiu a Howard Carter descobrir o túmulo de Tukankamon. Também financiou outros projectos do género, mas estes foram menos bem-sucedidos – a sua busca por “Provas da existência de termómetros rectais romanos” foi especialmente embaraçosa e não foi só por se descobrir que metade dos medidores de temperatura anal descobertos eram na verdade dos fenícios e não dos romanos. Não, também foi embaraçosa devido ao facto de se tratar de coisas que se metem no rabo. Vocês safem, Carlos Castro desconfortável, foi esse tipo de situação.
O funeral de Lord Carnavon vai se realizar hoje às três da tarde à saída da duna 25 a contar do Oásis nº2, duna 25 à esquerda! Que na duna 25 á direita vai a minha mais pequena casar-se. Ai como elas crescem! Parece que ainda foi ontem que andava a brincar com bonecos de madeira e hoje já se vai casar! Ai, a minha mulherzinha, já se casa tarde (6 anos) mas mais vale à tarde que nunca!
8.4.11 | 0 comentários

Por íncrivel que pareça agora há agulhas que ajudam a fazer ó-ó!

Written By Tiago Lacerda on sábado, 2 de abril de 2011 | 2.4.11

“Como vai ser hoje? Com o martelo ou com o bastão? Eu queria com porrada de três em pipa, mas infelizmente o Doutor Christian Hell reformou-se e só com dois barrigudos não há operação que se faça em termos”. Eram este tipo de comentários que até aqui todos podíamos ouvir, quando nos sentávamos à espera da nossa vez de ser anestesiados e posteriormente operados. Mas isso chegou ao fim. Tudo porque, na passada semana, num dia que nós podemos desde já afirmar em exclusivo que se situou entre Domingo e Segunda, o Dr. Crawford Long realizou pela primeira vez na história uma cirurgia com anestesia. A operação foi um sucesso como relatou a um jornalista menos dotado do que eu o Sr. Long – “A operação foi um sucesso”. Quando eu, e apenas eu, tive a sensatez de ver que só esta declaração não adiantava de nada, e perguntei ao excelentíssimo senhor doutor questões mesmo boas, ele respondeu “Foi um sucesso, porque o paciente cooperou connosco. Antigamente, por incrível que pareça, os utentes revelavam-se muito difíceis de operar! “AI, que dor enorme! VOU MORRER VOU MORRER!” eu estava farto de ouvir isto de mariquinhas que não aguentavam uma amputação de pernas, braços e uma orelha sem dar um espectáculo digno do Filipe La Féria. Mas hoje felizmente tudo correu pelo melhor”. Um jornalista muito belo e inteligente, que só mais tarde vim a perceber ser o meu reflexo num espelho, perguntou ao médico que tinha ele contra o Filipe La Féria. “Nada”- respondeu o doutor - “mas o pessoal do departamento de psiquiatria é capaz de não ter a mesma opinião que eu!”.

Quanto ao doente que foi operado, tinha apenas maravilhas a dizer. “Foi, simplesmente, mágico. Eu já tinha sido operado duas vezes, e lembro-me de não ter gostado. Especialmente quando me davam porrada até eu desmaiar ou me mandavam a cabeça contra um poste. Mas parece que tudo depende da pessoa que nos opera. Com o Dr. Long foi só levar uma vacina no rabo, dois os três sopapos (para dar sorte, disse ele) e pumba! Quando dei por mim, estava deitado com o meu pâncreas removido e a minha cara só medianamente negra!”.

Também as enfermeiras do hospital se revelaram muito satisfeitas, não tanto com este avanço médico, como com a minha disponibilidade de ir espreitá-las ao vestiário. Mas ainda assim estavam todas muito contentes, tirando, claro, aquela que insistiu em me denunciar à polícia.*

No que às anestesias diz respeito, estima-se que possam começar a ser distribuídas por todo o Mundo (e também na Etiópia) daqui a cerca de um mês. Até lá, aproveite caro leitor para se despedir do martelo de aço inoxidável com que costumava ficar a ver estrelas. Pode ser a sua última vez.



*Acabo de ler a queixa que foi feita. Afinal, TODAS as enfermeiras fizeram queixas de mim. Triste, muito triste... Uma pessoa tenta ser simpática e é assim que lhe agradecem!
2.4.11 | 0 comentários

Leilão emocionante no Império Romano! Vamos em directo para o Coliseu de Vómitos de Roma.

Sim, é verdade, estou a escrever-vos em directo de 193 d.C., reportando um leilão extremamente importante para o destino do Império Romano. Várias perguntas podem surgir na cabeça dos leitores. “Como é que pode ser em directo se as pessoas tanto podem estar a ler agora, como eu estou, ou daqui a dois meses?”, “Como é que alguém está a escrever em directo de um passado tão longínquo?” ou “É normal a minha nádega direita ter esta verruga em forma de hexágono e cor-de-laranja?” são realmente questões pertinentes, contudo só posso responder a uma: vá ao médico. Se fosse em forma de trapézio estava tudo bem, mas assim o seu estado preocupa-me.

O que está em leilão no dia de hoje é, nada mais, nada menos, do que o trono ao Império Romano. “Mas como é possível o maior cargo de um Estado estar à disposição de quem o comprar pelo valor mais alto?”. Então mas o leitor ainda aqui está? Vá lá tratar dessa verruga rápido e deixe-me contar o que se passa sem interrupções (podia agora fazer piadas à volta de Paulo Futre e sobre o facto de estar concentradíssimo, mas sou demasiado íntegro para tal). Pois bem, sócios, são os romanos, do que estavam à espera? Ir para as termas, encher o bandulho, vomitar, encher o bandulho, vomitar, tomar banho, vomitar, encher o bandulho. Esta gente, além de ter inventado a boa-vida e a bulimia, tem uma percepção muito especial de como governar. A maior parte das vezes passa por assassinar quem está no poder, e exactamente por isso é que estou aqui no leilão. Os guardas pretorianos, incentivados por Carvalho da Silva, mataram o Imperador Pertinax por lhes pagar apenas metade do prometido e por “ainda ser qualquer coisa aos gauleses, como se vê pelo nome”. De facto, o tio de Pertinax tinha um primo que conhecia alguém que andou com Abraracurcix em Religião e Moral no 8º ano. Por isso justifica-se o homicídio. E Pertinax nem se pode queixar muito, ainda esteve 86 dias no poder, bateu Santana Lopes. “Ah, não, Santana Lopes já é de um período posterior a Pertinax, por isso essa lógica está errada”. Sabe o que mais está errado? Essa verruga já ter neóns azuis-bebé à volta.

Após matarem Pertinax, os guardas pretorianos resolveram que o melhor era pôr o trono do Império a leilão. Porque o que faz mesmo falta é os destinos do Estado ficarem nas mãos de um idiota rico pronto a explorar o seu povo e a fazer o que bem lhe apetece. Mas isso é só no futuro com Berlusconi. Com certeza agora vai ser alguém decente a tomar conta do poder.

E começou o leilão neste preciso momento. No púlpito está aquele senhor da Sotheby’s que mais parece um mordomo do Batman, com um martelo na mão pronto para comer sapateira. 

“UMA MOEDA DE OURO!”

E aí está, a primeira proposta a surgir. É Dídio Juliano a entrar com força!

“UMA MOEDA DE OURO E A MINHA FILHA!”

E sobe-se a fasquia! Donald Trump a apostar um trunfo que lhe pode valer a vitória! Vamos ver. 

“DUAS MOEDAS DE OURO E SEIS ESCRAVOS, UM AINDA EM RELATIVO BOM ESTADO!”

“DUAS MOEDAS DE OURO, A MINHA FILHA E DUZENTAS PESSOAS QUE ESTOU A PENSAR DESPEDIR HOJE!”

“TRÊS MOEDAS DE OURO E UMA VIAGEM DE CINCO NOITES À TURQUIA, ESTADIA E PEQUENO-ALMOÇO INCLUÍDOS!”

“TRÊS MOEDAS DE OURO E UM CASI… aaaah não posso, levei-o ontem à falência. Bolas!”

“Quem dá mais que a proposta de Dídio? E VAI UM! Três moedas de ouro e uma viagem à Turquia é a proposta a bater. E VÃO DOIS! Cheguem-se à frente fregueses, não é todos os dias que têm o império à disposição num leilão. TRÊS! Império vendido a Dídio Juliano por três moedas de ouro e uma viagem de cinco noites à Turquia, estadia e pequeno-almoço incluídos!

E foi com uma voz parecia à daquele senhor do Preço Certo que anuncia os prémios, que o senhor da Sotheby’s anunciou o vencedor do leilão. Não sem antes bater o martelo para desmanchar uma pata de sapateira que chupa vigorosamente neste momento. Daqui é tudo, dou por terminada a notícia. De volta a si e à sua verruga, leitor.
2.4.11 | 0 comentários

O outro projecto destes dois dementes

O Jazigo das Notícias

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