Beeeeeeeeeeeeeeeeeeeeem-vindos de novo a Ialta, na Ucrânia! Preparem-se para os parágrafos mais entusiasmantes de sempre no que toca à descrição de um jogo político realizado durante a Segunda Guerra Mundial envolvendo os líderes de EUA, Rússia e Reino Unido. Tal como adiantei na semana passada, esta conferência a três serve para decidir quem fica, presumivelmente, com que parte da Alemanha após a mais que provável derrota dos Nazis. Esta semana teve competição intensa, com muitas entradas de carrinho e algumas referências desnecessárias a Karl Marx. Mas vamos relembrar alguns dos melhores momentos nos últimos dias. Neste preciso momento Churchill ajeita a gravata num gesto de impaciência. O primeiro-ministro britânico tem sido o mais inconformado em campo, principalmente depois de Estaline lhe ter dito “és gordo e cheiras mal da boca”. Os adeptos ingleses não gostaram e decidiram intervir com apupos e coquetéis de molotov, ao que Estaline desatou a rir e disse: “Os ingleses são mesmo tristes, atiram-me com armas denominadas em honra de um camarada russo! Mwa ha ha!”. Os seguranças da conferência ficaram incrédulos, intrigados como é que tais coquetéis teriam entrado no recinto, mas depois lembraram-se que são portugueses (os seguranças, os coquetéis eram russos, bem visíveis pela eficiência com que arderam, qual floresta na Sibéria). O presidente americano Roosevelt assistia impávido e sereno a toda esta cena. Muitos criticaram a sua inércia e defendem que devia ter agido para acalmar os ânimos, mas o expert Luís Freitas Lobo fez a seguinte leitura do momento: “Foi sem dúvida uma atitude inteligente por parte do presidente americano. Apesar de ter demonstrado uma fraca aptidão em termos de movimentação no terreno de jogo, mostrou uma capacidade de posicionamento tremenda, impedindo os adversários de invadirem o seu espaço pessoal e fragilizarem a sua defesa. A táctica ideal para alguém cujo nome do meio é Delano. Além disso, FDR deixa assim visível um sentido de estado admirável, preferindo jogar em contra-ataque do que deixar a retaguarda desprevenida, o que lhe podia muito bem custar um cantão germânico”. Leitura esplêndida de quem sabe, como sempre.
Mas nem sempre Roosevelt se mostrou tranquilo no seu jogo. Ao terceiro dia de conferência, o verniz estalou entre ele e Estaline quando os dois pintavam as unhas dos pés um do outro. Após discutirem o último episódio da rádio-novela Caprichos da Solidão, o mega êxito da KFSVLXHB 507.4 AM, principal emissora do Dakota do Sul, os presidentes americano e russo voltaram-se para a vala de corpos encontrada na Polónia. “É muito estranho, principalmente pela propensão do Hitler em queimar cois… polacos”, atirou Roosevelt. “Eu-eu-eu não ve-ve-vejo nada de es-ess-esssssstranho. En-n-ntão, eles devem te-te-ter apanhado alguma doença no ca-ca-caminho e pronto, tiveram que os enterrar… ali”, respondeu Estaline com um súbito ataque de gaguez, o mesmo que lhe apareceu um dia antes quando Churchill lhe perguntou sobre as condições dos trabalhadores russos.
Viremos as atenções para o que está a acontecer agora. Os três líderes mundiais encontram-se lado a lado, num universo bidimensional/Egipto antigo (excepto as danças parvas e os tumultos), a fazer apostas sobre quando a Alemanha Nazi capitulará. Vamos ouv… ler:
Roosevelt: Eu aposto em Julho. Se acertar fico com Baviera e Baden.
Churchill: Já eu digo Junho. Se acertar fico com Bremen e a Baixa Saxónia.
Estaline: Estou inclinado para Maio. Quero Brandeburgo e Saxónia.
Churchill: Então e Berlim?
Estaline: Niet… a equipa dos gajos é tão fraquinha!
Roosevelt: Sim, mais ano menos ano estão na 2ª divisão.
Churchill: Uau, um americano que percebe de bola! Mas tive uma ideia. Que tal se dividirmos aquilo ao meio?
Estaline: Eu com o leste e vocês com o oeste?
Roosevelt: Sim, boa ideia. Ah, mas espera. Depois da guerra acabar ainda aparecem os franceses e as suas tretas, a dizer que querem alguma coisa.
Churchill: Bem visto, sim senhor. Sendo assim nada feito. Vamos embora para casa e encontramo-nos em Potsdam daqui a meio ano?
Roosevelt e Estaline (em uníssono): Combinado!
Como já repararam, chegou ao fim o encontro de Ialta. Tal como em Teerão, registou-se novo empate e lá terá de ir tudo a uma finalíssima, provavelmente já com a participação dos franceses para estragar o ambiente. Esperam-se cabeçadas e qualificações conseguidas com a mão. Até Potsdam então!