“Quem raio é Savanarola?”, perguntará o leitor ao ler o título desta notícia. È engraçado, antes de ter sido enforcado (ontem num espectáculo em Florença, mas já lá iremos) o Savanarola perguntou exactamente o mesmo sobre si, leitor. Nessa altura respondi que são umas pessoas bacanas e com sentido de humor, que estão a tentar esquecer aquela doença que lhes deixa os orgãos sexuais num estado deplorável (acredite em mim que eu sei, caro leitor que veio ao blog pela primeira vez). Hoje já não sei se responderia o mesmo (tenho visto melhorias no que a genitalha diz respeito), mas apesar desta dúvida posso dizer-lhe caro leitor, quem é Savanarola.
Jerónimo Savanarola foi um percursor daquilo a que a Igreja chama de reforma, os historiadores chamam Inquisição e ao que eu chamo uma filha da putice (parafraseando Avelino Ferreira Torres). Foi ele que começou, em Florença, essa bonita tradição de queimar livros que não tivessem impresso pelo menos dois padres-nossos e três imagens da Virgem Maria (pormenor interessante: se as imagens das virgens se estivessem a acariciar e a beijar umas às outras as imagens não eram permitidas, o que é obviamente uma pena). Tradição essa pela qual, espero, esteja neste momento a arder no inferno (de preferência o inferno criado por Dante) enquanto é repetidamente violado por dois globins saídos d’ O Senhor Dos Anéis.
Adorado por muitos (na sua maioria pessoas cujas únicas leituras que fizeram na vida foram a Bíblia e o livro A biblia para tótos, todas as explicações daquilo que não percebeu enquanto leu a bíblia), Savanarola parecia que se iria manter “em funções” por muito tempo. Foi por isso uma surpresa agradável ver ontem chegar à redacção um pombo-correio que nos informava sobre o enforcamento de Savanarola. Pessoalmente rejubilei. Pela morte de Savanarola, mas também pela fotografia que o pombo trazia para mim, com 4 (!) virgens marias a tomarem o corpo de Cristo todas juntas. A sério, quem ainda não viu devia ver, é uma imagem verdadeiramente divinal!
Muitas são as vozes críticas que se fazem já ouvir. Alguns acham que Savanarola foi a melhor coisa que aconteceu a Florença desde a contratação do Rui Costa, outros acham que a sua execução deveria ter sido a fogueira e não a forca, só para que Jerónimo pudesse sentir o mesmo que todos os livros e pessoas sentiram. Pessoalmente, penso que Savanarola deveria ter tido a sua cabeça cortada por Ned Stark**, mas isso sou eu que gosto de justiça\ironia poética.
*Espectacular piada literária, que faz referência ao livro A regra de Quatro, onde os personagens principais investigam uma obscura obra renascentista curtamente apelidada de “Hypnerotomachia Poliphili, ubi humana omnia non nisi somnium esse ostendit, atque obiter plurima scitu sanequam digna commemorat" (Hypnerotomachia Poliphili, para os amigos) escrita no tempo de Savanarola.
**Mais uma fantástica referência literária, desta vez à obra de George R. R. Martin. Ah, quem diria que um gajo como eu lia coisas!?
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