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Falta de inspiração atinge pretendentes a jornalistas em todo o mundo

Written By Sérgio Pereira on sábado, 26 de fevereiro de 2011 | 26.2.11


Numa semana negra para o universo da informação fidedignamente ridícula, vários milhares de pseudojornalistas ficaram à porta da redacção (a marquise da casa deles), fitando o céu enquanto uma lágrima lhes escorria do canto do olho. Ao fundo ouvia-se Bonga e a sua voz carregada de emoção. Não, não era na aparelhagem, Bonga estava mesmo lá na sala. Nem este estranho facto levou os profissionais da informação burlesca a escrever um parágrafo que fosse. E sinceramente, o que dizer? Bonga é Deus, logo omnipresente? Bonga tem centenas de irmãos gémeos? Bonga tem incontáveis fãs que se transformam em sósias? Ou Bonga é o Pai Natal? Perguntas intrigantes, que ficarão sem resposta por culpa desta escassez de originalidade humorística.

“Aconteceu-me isto pela primeira vez na minha vida. A minha mulher já disse que é normal e para não me preocupar, mas sinto que agora, sempre que tentar, não vou conseguir”. O relato impressionante deste homem com problemas de erecção foi o melhor que arranjei para cobrir o problema de não ter entrevistado nenhum pseudojornalista, pois o ataque foi tal que nem falar conseguem. No entanto, cheguei à conversa com um dentista de uma clínica de Loures. Que terá o dentista a ver com este caso? Nada, mas o médico de clínica geral não estava. Proibido de exercer por não ter licença de trabalho, segundo adiantou António Colgate. Com uma peça para fazer e sem outra solução, acabei mesmo por pedir uma opinião ao Dr. Colgate, uma pessoa que me pareceu bastante gentil: “Olhe, eu não estou muito por dentro do assunto, mas cá para mim o que se passa com esses jornaleiros é uma inflamação da raiz do molar, que já atingiu um nervo no maxilar inferior, nervo esse que impede o cérebro de organizar um pensamento criativo em condições, para depois transmitir informação inexistente em forma de palavras. Ou então, mas menos provável, é somente uma epidemia branca”.

Quem não ficou contente com esta declaração foi José Saramago. Através de um médium (que penso ser meio-irmão do Bonga), entrei em contacto com o Nobel português, e o ribatejano disse irritado: “Que é uma epidemia branca já sabia eu! E ainda bem que assim é. Quero ver como o sistema e os empresários se vão agora safar sem a sua dose diária de notícias falsas! Se querem que a epidemia acabe, é melhor começar a reconhecer os direitos destes trabalhadores, e aumentar-lhes o salário em 500%!”. O patrão dos patrões já se manifestou. Richie Rich admitiu que não se importa em aumentar o salário dos trabalhadores no valor que Saramago referiu, pois tais profissionais ganham 0€ e, tal como se aprendeu em Matemática (foi na primária, por isso o Jerónimo sabe esta), 0 multiplicado por um qualquer número dá 0.

Contudo, um novo problema aparece no mercado laboral. Após descobrirem que existe um patrão dos patrões, os patrões revoltaram-se por afinal serem, ao mesmo tempo, subordinadores e subordinados de alguém. Infelizmente, esta nova situação parece estar a desviar as atenções do que é mais importante: como é que Bonga está ao mesmo tempo na sala de várias pessoas? Quanto à epidemia branca, mais cedo ou mais tarde ela passará. A não ser que a OMS diga que é preciso usar máscaras e desinfectante para as mãos, ou a doença alastra-se à genitália. Então aí temos pandemia para meses.

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