O Jazigo das Notícias sempre em cima do acontecimento. As últimas notícias escabrosas e que não interessam ao menino Jesus sempre neste blog em exclusivo mundial. Actores de filmes de Classe F apanhados com um laço ao pescoço, ex-hoquistas da 3ª divisão regional de Santarém a dar na erva daninha, socialites da Atouguia da Baleia em práticas sado-maso com ostras e estrelas-do-mar, apresentadores do Canal Televendas em excesso de velocidade numa lambreta em pleno kartódromo de Boticas. Isto e muito mais. Hoje: pintor pós-impressionista quase provoca banho de sangue, quase que corta a cabeça, oferece pedaço do seu corpo a uma prostituta e incrivelmente não foi o pénis.
Tudo se passou quando os girassóis descansavam o pescoço e a Lua brilhava sobre o Ródano. Um homem com graves problemas psicológicos, de nome Vincent Van Gogh, ameaçou o seu amigo Paul Gauguin com uma navalha. Gauguin, assustado, fugiu o mais rápido que pôde. “Estive com ele durante pouco mais de dois meses. Ele até pintava umas coisas porreiras, mas era doido varrido. Cheguei a avisar a assistência social dos problemas que o Vince tinha com o absinto, a depressão e a vontade de cortar os pulsos, mas já se sabe que ninguém ajuda ninguém, só se hão-de mexer quando ele se magoar a sério, com uma pistola ou algo que o valha”. O pintor francês ainda estava lívido por todo o acontecimento, e estas foram as únicas palavras em português que lhe consegui sacar. Depois começou a dizer qualquer francesa que envolvia anjos e outras pessoas simpáticas que pululam no Velho Testamento.
Mas a história não acaba aqui. Uma fonte que preferiu não ser identificada, mas que não tenho problema algum em dizer que era aquela velha coscuvilheira de Arles que gosta de acordar à bruta com uma corneta o Frère Jacques, contou-nos que viu Vincent fugir assustado rumo ao bordel da cidade, “um local do Diabo onde o pecado se entranha até aos ossos e causa osteoporose precoce, ou então chatos na púbis”, isto segundo a mesma fonte. Posto isto, o sacrifício teve de ser feito e lá foi este jornalista penitente até ao bordel. Já lá dentro, o meu trabalho foi realizado com dificuldade. É difícil escrever quando enormes seios embatem com uma força desmesurada contra a minha face. Após colocar uma terceira nota de 10 e uma segunda fatia de presunto nas cuecas da profissional do erotismo, lá tive sorte: ela disse que eu tinha a maior genitália que alguma vez tinha visto. Com o ego inchado, era tempo de voltar à tragédia do momento. No momento seguinte a ter mencionado o nome de Van Gogh, um silêncio descomunal instalou-se no edifício. “Esse sacana ludibriou-nos dizendo que era o primeiro filme porno 3D e que iamos ser bem pagas, afinal era mais um tarado de um vendedor de banda desenhada”, foram as palavras furiosas de uma prostituta que me deixou confuso. Após explicar que procurava pelo Van Gogh pintor, elas desculparam-se: “Ah, pensámos que estava a falar do Gran Cock, esse canalha. Sendo assim é falar ali com a Raquel, eles são muito amigos, e por amigos entenda-se desconto de ocasião”. Triste por afinal a história de eu ter um Gran Cock não ser verdade, lá fui falar com Raquel, que ficou tão ou mais amarela que a casa de Van Gogh quando lhe perguntei pela noite passada. “Que dizer? Estava eu muito bem aqui entretida com dois clientes que até pagam bem, e apareceu o Vinnie muito assustado. Entrou logo para a casa-de-banho, pensei que fosse mais algum ataque de gonorréia e que preferisse deixar os vírus aqui que este edifício já está habituado, nada o deita abaixo. Pouco depois saiu da casa-de-banho e entregou-me uma folha de jornal, ao que eu lhe disse “Que estás a fazer, Vinnie? Sou uma prostituta do século XIX, não sei ler!”, e ele respondeu “Guarda isto com cuidado, é a minha prenda de Natal”. Comecei logo a desembrulhar pensando que era algum copo de cristal, mas nem plástico-bolha tinha por isso desconfiei logo. Quando acabei de abrir encontrei um bocado de orelha, olhei para cima e vi a orelha esquerda do Vinnie a sangrar, e como não sabia muito bem o que tinha acontecido, dei-lhe nas orel... dei-lhe uma reprimenda por ter andado outra vez no boxe com o Mike Tyson, mas parece que afinal foi tudo por causa de uma zanga com um amigo. Laricices! Avisei a polícia do sucedido, prestei um serviço grátis para eles acudirem ao caso mais rápido e agora não sei o que se passa. E pronto, é isto. Se me dá licença, vou voltar ao trabalho que já estou a perder dinheiro, esta vagina não se governa sozinha”.
A polícia acudiu logo no dia seguinte, fruto do excelente trabalho de Raquel, e encontrou Van Gogh deitado na cama sem sentidos e com muita perda de sangue. Era óbvio que só havia uma coisa a fazer: apreciar o quadro Camponeses Comendo Batatas bem de perto. Após se chegar à conclusão que a senhora do lado direito tem cara de leitão e a figura do lado esquerdo é um macaco travesti, os oficiais da lei lá chamaram o INEM, que chegou num instante para ficarem maravilhados com o Terraço do Café à Noite, o que lhes fez lembrar que já não apanham uma cadela à um bom par de meses.
Van Gogh encontra-se internado no hospital em estado expressionista. Já os bombeiros do INEM estão com o grão na asa e não deixam dormir o Frère Jacques, o que deixa a velha coscuvilheira com um sorriso de orelha a orelha.
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