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História de família com problemas gastrointestinais chega à T

Written By Sérgio Pereira on sábado, 18 de dezembro de 2010 | 18.12.10


Eles são amarelos e prometem revolucionar o mundo. Se não conseguirem, vão pelo menos tentar causar problemas ao vizinho devotamente católico Ned Flanders. A família Simpson e as suas diabruras são a atracção do canal americano FOX para este final do ano de 89. Os criadores da série já traçaram um objectivo bem preciso: sobreviver mais tempo que os programas da Oprah e do Larry King, nem que para isso a bebé Maggie tenha de se tornar uma milionária corcunda afro-americana.

O primeiro episódio está a causar controvérsia pois Homer, o patriarca da família, não vai receber subsídio de Natal, o que lhe complica a tarefa de comprar presentes, arranjando part-times muito mal pagos para o conseguir. A populaça rapidamente se revoltou pela irrealidade da situação, principalmente pela utopia de o chefe de Homer ser um velho maluco e forreta. Deixem-me simplificar: um capitalista. Mas o tumulto não se ficou por aqui. Segundo um velho maluco, forreta e cristão que encontrámos no Arizona – simplificando outra vez: um republicano -, “é ridículo pensar que alguém tem de arranjar part-times para comprar presentes, tão ridículo como dizer que os gays existem porque eles escolhem ser assim. Este é o melhor país do mundo e o sonho americano não está morto, excepto para os mexicanos que tentam entrar no nosso país e roubar-nos o trabalho, esses aí é ao tiro. Mas não é ao tiro com militares gays a disparar, pois no nosso exército é só homens bem machos. Espero que a série da bonecada, como dá nesse esplêndido canal que é a FOX, aborde estas temáticas de forma correcta, caso contrário que seja espezinhada por Bill O’Reilly”.

Infelizmente para este ancião de 147 anos que ainda se quer candidatar à presidência dos EUA com uma socialite inócua a ajudá-lo, o contrato dos Simpsons com a FOX é muito especial. Tudo porque na série os argumentistas têm a liberdade de fazer piadas sobre o canal de exibição sem sofrerem consequências. Isto desde que as piadas tenham qualidade. Pôr o Krusty a dizer “Hey hey hey o Glenn Beck não tem miolos!” é verdade, mas um golpe baixo. Ou o Nelson apontar para John Boehner e exclamar “Ah ah! A tua cara parece um rebuçado Sugus!” é igualmente factual, mas de mau gosto para os apreciadores de Sugus. Também errado seria o Apu dizer “Obrigado! Não voltes outra vez!” para Santana Lopes. Não porque tal coisa não seja do interesse de bastante gente, mas porque os americanos nunca iriam perceber a referência. Já se sabe, aquela gente tem uma memória fraca e não possui o alcance humorístico do povo português. E para deixar os meus caros compatriotas a rirem à gargalhada, acabo este texto com uma piada sublime:
C*****o!
Quero ver o Bart a bater isto.

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