De um filme experimental sobre a lista de compras de um senhor que constantemente se esquece de que precisa de comprar papel higiénico e bananas, para uma história sobre um homem que protege judeus durante o Holocausto. Foi este o percurso que o guião de A Lista de Schindler percorreu até chegar à forma como hoje se estreia nas salas de cinema de todo o país. O filme, que é já um dos favoritos para os Óscares e para os senhores do PNR, promete ser um drama para toda a familia. Ou uma comédia se for uma família nazi. Ou um “Onde está o Wally? – versão Descubra os seus Familiares” para os judeus. É uma questão de prespectiva. O realizador do filme é Spielberg, um cineasta desconhecido sobretudo para aqueles que vivem em Marte ou em Idanha-a-Nova.
O filme tem um elenco de luxo que inclui pessoas tão improváveis como Voldemort, Aslan e aquele senhor doutor chefe da Shutter Island. Muitas vozes se levantaram quando se questionou a sabedoria de Spierlberg ao escolher este conjunto de actores. Hoje já ninguém diz nada. E não é só devido aos processos multimilionários que os advogados de Spierlberg lhes puseram em cima. Pelo menos, foi o que os nossos advogados nos disseram para dizer.
Deixando as coisas maléficas como são os advogados, passemos para coisas mais softs. O extermínio de judeus. É o foco central do filme com Schindler (uma espécie de Belmiro de Azevedo do fabrico de armas) a tentar salvar o máximo de pessoas possiveis contratando-os para as suas fábricas. Como deve estar a calcular, caro leitor, isto é super comovente. Especialmente para o economista da fábrica que vê os lucros a subir com o uso de uma mão de obra tão barata que nem o Manuel Pinho se atreveria a compará-la com a mão de obra portuguesa.
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