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Entrevista a D.João V

Written By Tiago Lacerda on sábado, 18 de dezembro de 2010 | 18.12.10


Quando chegámos ao Palácio de Belém a megalomania e a soberba enchiam o espaço. Ainda bem que removeram as escutas se não nem nos podíamos mexer. D. João V estava sentado num trono banhado de ouro e de sebo. Apresentámos a esta gente o conceito "água", mas o Rei já está demasiado afeiçoado à família de besouros que tem debaixo dos sovacos. Foi no meio de um concurso de "A ver quem salta mais longe na peruca do rei" levado a cabo por meia dúzia de pulgas que a entrevista decorreu. O vencedor fomos nós, jornalistas, que saimos a tempo antes de um guaxinim sair da breguilha de João a cantar "Na loja do Mestre André". Texto: Tiago Lacerda e Sérgio Pereira Foto: Bem, não é bem uma foto, pois não?
Confirma que o seu cognome de Rei-Sol vem do facto de que se as pessoas olharem durante muito tempo para si espirram sem parar?
Isso são boatos. Posso provocar às pessoas que me rodeiam uma adição nada saudável em Vitamina D ou, no caso de exposição alargada, queimaduras de 2º grau. Agora isso de encher o nariz de secreção mucal ao meu povo nunca!
Sente-se ofendido por existirem muitos romances literários e blockbusters cinematográficos à volta da vida de Luís XIV e dos Mosqueteiros, mas até agora ninguém ter feito algo do género com a sua pessoa e o seu amigo Pe. Luís Gonçalvieus?
Nem por isso. Quer dizer, se reparar o Luís nunca é um rei bem retratado. São sempre os mosqueteiros os heróis e o Luís, que tanto se esforçava e dava no duro para ser um absolutista condigno, é sempre o mau da fita. Não posso dizer que nós, absolutistas, não estejamos já habituados. As pessoas (não sei porquê) reagem mal ao facto de um só tipo ter todos os poderes, incluindo a sua vida e morte, nas mãos. É uma picuinhice dessa gente, que não é absolutista e não sabe o quanto custa ser um Rei-Sol. Mas respondendo à sua pergunta.... não.
E se alguém fizesse uma adaptação da sua vida para cinema, quem o interpretaria? Leonardo DiCaprio não vale que já fez de rei francês, estamos a falar de Absolutismo e não de Omnipotentismo.
Claro que não estamos a falar de omnipotentismo, que isso só Deus nosso Senhor Criador do Universo da Terra e dos leprosos tem capacidade para tal. Respondendo à sua pergunta, penso que o senhor que faz de vampiro no Crepúsculo dava bem. É um péssimo actor mas é lindíssimo e humilde, logo perfeito para fazer de mim. Uma vez que (e isto é que é mesmo engraçado) também eu sou um terrível actor e sou esbelto de uma forma que deixa muita senhora húmida. Especialmente as senhoras incontinentes.
Segundo as crónicas você era ignorante e devoto ou, trocando por miúdos, um religioso normal. Acha que foi por isso que não soube gerir o ouro do Brasil, ou é daqueles que acha que o ouro está bem é no altar da Nossa Senhora da Apanha da Laranja?
(risos estridentes) Desculpe, lembrei-me daquela vez que fui às festas da Nossa Senhora das Laranjas com toda a família real, e estava muito bem na minha cadeira nobre quando começou a garraiada. O touro confundiu a tenebrosa cara vermelha da minha Maria Ana com uma capa de toureiro, havia de vê-la a correr! Dei vinte mil coroas de ouro à organização da festa só por causa desse momento hilariante. Peço desculpa, a sua pergunta era...?
Você tinha um conhecido apetite sexual por freiras. A minha pergunta é: a Madre Teresa de Calcutá marchava ou você tem padrões?
Para mim, Madre Teresa de Calcutá seria uma espécie de doce conventual fora do prazo de validade. Mas tal como os iogurtes, mais valia comer antes que se se estragasse e tivesse de se deitar aos gatos.
Durante o seu reino o que você queria era fazer grandes obras. Em compensação deu cabo da vida do povo. Sente-se um José Sócrates?
Identifico-me mais com João Soares por uma razão muito simples: não consigo comer o T de Freeport tal como Sócrates. Comer como freiras, não letras do alfabeto. E se comesse dessas não era um T, muito perigoso pois pode ficar atravessado na garganta. Preferia antes um D ou um G ou mesmo um O. Algo mais rechonchudinho, tal como a minha preferência por freiras.
Mandou erigir o Convento de Mafra como parte da sua promessa a Santo António para ter filhos. Em nenhum momento receou que o santo não lhe desse filhos mas sim sardinhas, caldo verde, manjericos, martelinhos e marchas populares apresentadas por João Baião?
Eu não, mas a rainha confessou que não estava especialmente animada com a possibilidade de ter um João Baião a saltitar-lhe dentro da vagina e a dizer-lhe para “ir só fazer um xixizinho” enquanto ela estava em trabalho de parto. Felizmente tal não se sucedeu. Foi melhor para todos, menos para o macaco Hadrianno que nunca conseguiu sair do ânus da minha senhora.
Por causa deste convento, tivemos que aturar para todo o sempre com uma bruxa que via o âmago das pessoas e com um padre que queria voar. Se hoje fosse vivo, tentava fazer o 12º ano ou ia até ao nono e depois metia-se nas Novas Oportunidades?
Mas quê, eu a estudar algo que não sejam as sagradas escrituras ou as páginas da revista “Freiras nuas hoje – um guia de masturbação, brincadeira e pecado”? Não me parece.
Foi o responsável pelo início da construção do Aqueduto das Águas Livres. Confirma que, numa primeira fase, o projecto se chamava Aqueduto da Água-Pé Livre e era para acabar à porta de Manuel Vilarinho?
Confirmo pois! Então se ele era presidente do Benfica e eu o chefe do país não havia de haver moscambilhas entre nós? Claro que sim! Ou pensa que o Benfica ganhou o torneio do meu nome por mérito? Eles até cavalos com joelhos de ferro tinham!
TGV ou Convento de Mafra? Porquê?
Gostava de ver o TGV a dar uma soberba obra literária. Além disso não se podem construir comboio para fazer filhos, podem fazer-se filhos em comboios. A energia cinética deve tornar tal coisa num desafio bem interessante.

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