
A ideia de apresentar à imprensa as ideias de um partido politico recorrendo para isso a um evento desportivo não é nova, que o diga Carlos Queiroz, mas ainda assim é sempre giro ver aquelas pessoas que dia sim dia sim ameaçam a decência humana com promessas de morte e ódio juntarem-se para se odiarem uns aos outros durante 90 minutos. Refrescante.
Quanto ao jogo propriamente dito, bem, a verdade é que não há muito a dizer. Tudo estava bem até o ala esquerdo da equipa de negro cadáver marcar um golo. O golo foi legal, mas o ala foi muito rápido e isso levantou suspeitas sofre se este teria ou não ascendência africana. Pelo sim pelo não os seus colegas decidiram ser sensatos e enfiar-lhe uma bala no bucho. O jogo recomeçou, só para cinco minutos mais tarde ter de parar. Alguém levantou a intrigante questão “Ali o Hans não se parece um bocadinho com um japonês? Quer dizer, os olhos dele estão mais ou menor rasgados...”. Os restantes 10 minutos serviram apenas para limpar o sangue de Hans. Por fim, ainda nem o jogo tinha recomeçado quando um membro da equipa vermelho-sangue-de-tripas afirmou que tinha visto o pénis de um jogador no balneário e que este era grande demais. “Também deve ter ascêndência africana!”. Os seus companheiros ouviram-no com toda a atenção e depois com carinho enternecedor mataram-no a ele por ser larilas e ao senhor do pénis grande por: ou ter ascêdência africana ou por estes doidos terem todos um complexo de inferioridade peniana que é uma coisa parva. Não chegei a perceber.
Quando no fim do evento me dirigia para um bar de sadomasoquismo para que o meu dia tivesse por fim algum vislumbre de amor e uma pausa da violência, lembrei-me de algo giro. É engraçado que num só jogo entre amigos, os nazis tenham morto quatro compinchas seus por suspeitarem que estes não sejam 100% puros. Mas nenhuns deles viu no seu ódio infinito o judeu que durante todo o jogo se queixava de que “esta ideia do jogo de futebol foi estúpida.” Quer dizer, estava logo ali. Quem resmunga mais que um judeu? E com este comentário estereotipado e algo racista me despeço. Para a semana faço melhor, prometo. Se nenhum cigano me roubar o bloco de notas, claro!
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