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Nazis (não) vão à bola uns com os outros

Written By Tiago Lacerda on sábado, 8 de janeiro de 2011 | 8.1.11

“Esta ideia do jogo de futebol foi estúpida”. Esta foi a frase mais ouvida ontem à tarde aquando da apresentação, censura e tortura à imprensa do novo partido nazi alemão. O seu autor, um homem baixo com o número de filiação do partido nas costas (um 7 que em nada ajudou às suas qualidades futebolisticas) não parava de se queixar gesticulando freneticamente naquilo que eu só consigo descrever como um ataque de epilepsia que aprendeu a dançar hip-hop para disfarçar. Adolf Hitler, acredite-se ou não, não é das pessoas mais bem dispostas que eu já conheci. Durante o jogo de futebol que o partido organizou para por fim “ao ditak futebolistico inglês” só fez uma de duas coisas: cair desamparado quando o esférico estava nos seus pés e depois tentar impingir a toda a gente que a sua queda “foi mesmo à Charlie Chaplin! Acho que com um bocadinho de trabalho chego lá!”. Claro que ninguém acreditou nesta história e por isso Hitler tomou uma decisão radical e cortou o seu cabelo de forma tão ridicula que nunca poderia ser tomado a sério politicamente. Ou comicamente, falando a verdade. O seu cabelo é demasiado perturbador para ser engraçado. É quase como ver um discurso do partido comunista. Por um lado é engraçadissímo, mas a verdade é que é demasiado perturbador para nos conseguirmos rir livremente.
A ideia de apresentar à imprensa as ideias de um partido politico recorrendo para isso a um evento desportivo não é nova, que o diga Carlos Queiroz, mas ainda assim é sempre giro ver aquelas pessoas que dia sim dia sim ameaçam a decência humana com promessas de morte e ódio juntarem-se para se odiarem uns aos outros durante 90 minutos. Refrescante.
Quanto ao jogo propriamente dito, bem, a verdade é que não há muito a dizer. Tudo estava bem até o ala esquerdo da equipa de negro cadáver marcar um golo. O golo foi legal, mas o ala foi muito rápido e isso levantou suspeitas sofre se este teria ou não ascendência africana. Pelo sim pelo não os seus colegas decidiram ser sensatos e enfiar-lhe uma bala no bucho. O jogo recomeçou, só para cinco minutos mais tarde ter de parar. Alguém levantou a intrigante questão “Ali o Hans não se parece um bocadinho com um japonês? Quer dizer, os olhos dele estão mais ou menor rasgados...”. Os restantes 10 minutos serviram apenas para limpar o sangue de Hans. Por fim, ainda nem o jogo tinha recomeçado quando um membro da equipa vermelho-sangue-de-tripas afirmou que tinha visto o pénis de um jogador no balneário e que este era grande demais. “Também deve ter ascêndência africana!”. Os seus companheiros ouviram-no com toda a atenção e depois com carinho enternecedor mataram-no a ele por ser larilas e ao senhor do pénis grande por: ou ter ascêdência africana ou por estes doidos terem todos um complexo de inferioridade peniana que é uma coisa parva. Não chegei a perceber.
Quando no fim do evento me dirigia para um bar de sadomasoquismo para que o meu dia tivesse por fim algum vislumbre de amor e uma pausa da violência, lembrei-me de algo giro. É engraçado que num só jogo entre amigos, os nazis tenham morto quatro compinchas seus por suspeitarem que estes não sejam 100% puros. Mas nenhuns deles viu no seu ódio infinito o judeu que durante todo o jogo se queixava de que “esta ideia do jogo de futebol foi estúpida.” Quer dizer, estava logo ali. Quem resmunga mais que um judeu? E com este comentário estereotipado e algo racista me despeço. Para a semana faço melhor, prometo. Se nenhum cigano me roubar o bloco de notas, claro!

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