Written By Sérgio Pereira on sábado, 24 de abril de 2010 | 24.4.10
Então, leitor, por aqui? Não posso dizer que seja uma surpresa, pois de facto a Internet continua a ter as mesmas coisas desinteressantes de sempre, por isso é normal que mais minuto menos minuto venha dar com este hospitaleiro blog.
Já que por aqui anda e antes que mude de site e vá para a Baía dos Porcos piratear, deixe-me informá-lo das coisas magníficas que foram e serão postadas este fim-de-semana neste recanto.
Abaixo deste post, como pode confirmar, estão duas esbeltas notícias. Mas há mais: já se encontram também disponíveis as Medalhas deste mês, bem como as crónicas dos autores deste blog, Tiago Lacerda e Sérgio Pereira.
Mas se pensava que as novidades acabam por aqui enganou-se. Se for à secção Especial verá que ainda se encontram lá disponíveis as nossas partidas de 1 de Abril. Contudo, se visitar esse espaço amanhã, domingo 25 de Abril, poderá presenciar algo simplesmente estratosférico: um especial sobre a Revolução dos Cravos (aquela que pelos vistos nos livrou de uma ditadura de 40 anos).
E ficamo-nos por aqui. Apesar de precisarmos de muito tempo nas mãos para criarmos tal parvoíce como esta, continuamos a ter uma vida para além do Jazigo. Uma vida algo deprimente, sim, mas ainda assim uma vida.
Os incomensuráveis autores (um tem 1,81m e o outro 1,69m, mas quem liga a medidas de comprimento?):
Escritor inglês só durou um par de horas e uma mão cheia de minutos, com mais uns 52 anos lá pelo meio.
William Shakespeare nasceu a 23 de Abril, começou logo a escrever enquanto lhe cortavam o cordão umbilical, e acabou por morrer no dia 23 de Abril. Era giro que tivesse sido tudo no mesmo ano, não era? Para ficar aquela ideia “Ah grande bebé! Devia ser um génio ou um alien para escrever umas duzentas obras em tão pouco tempo, ficar sobejamente conhecido e morrer prematuramente!”. Mas infelizmente não foi isso que se passou. Ele nasceu e morreu no mesmo dia e mesmo mês, mas ainda completou 52 primaveras. E não foram umas primaveras quaisquer, daquelas que temos actualmente, em que hoje andam aí as andorinhas a cantar debaixo de um sol bonito e amanhã já está a chover e frio e vento, um clima mesmo desagradável. Não, as primaveras que ele viveu foram a sério, daquelas com gangrena.
Mas não houve cá gangrenas que parassem Will na sua epopeia pela literatura inglesa. Talvez tivesse que fazer umas paragens por causa dos ataques do Síndrome da Redução Genital ou mesmo do Síndrome da Mão Estranha, mas no final de contas quem é que nunca sofreu isso? E muitas vezes o ataque de ambos os síndromes acontecer ao mesmo tempo? Lá está! Mas voltando ao que interessa. Há parte disso ele lá foi escrevendo, e escrevendo, e escrevendo, e construindo uma marquise… não, esperem… e escrevendo, assim é que é. Foram poemas, peças de teatro, sonetos, tragédias, comédias, histórias e textos soltos que fazia nos tempos livres. Também foi actor, mesmo um dos melhores daquele tempo a par do Nicolau Breyner. Ainda esteve prevista um trabalho em conjunto com Manoel de Oliveira, mas foi cancelado à última hora porque o britânico andava cansado. Shakespeare tinha 47 anos e o realizador português 94.
Pelo meio de tanta escrita e representação, Bill teve um casamento bastante complicado. Normalíssimo, tendo em conta que a mulher dele era a Anne Hathaway, uma reputada actriz conhecida que só fazia papéis de princesa. A fama de Anne sempre incomodou Bill, e Anne também nunca gostou do facto de a maior parte dos seus vestidos ficarem melhor em Shakespeare. Já os três filhos viveram sempre felizes neste belo ambiente familiar e tiveram grande sucesso na vida: a mais velha, Susanna, casou com um físico; a mais nova, Judith, casou com um enólogo; o do meio, Hamnet, morreu com 11 anos. Acontece, quando se tem um nome tão trágico…
Fica assim prestada esta grande homenagem a William Shakespeare, um escritor brilhante, um actor magnífico, um homem com um enorme gosto por écharpes e calções de lycra. Que descanse em paz junto do filho. O Manoel de Oliveira manda um “olá”.
Hoje, dia 20 de Abril de 1871, é um dia negro para a Ku Klux Klan (KKK). Má escolha de palavras, deixem-me reformular. Hoje foi um dia em que todos os membros do Ku Klux Klan ficaram amarelos de raiva. Ops, também não pode ser, isto está difícil. Vários ex-membros do Ku Klux Klan ficaram vermelhinhos de vergonha ao sab- também não pode ser. Hoje foi um dia mau para a Ku Klux Klan, pronto assim está bem. Isto porque foi aprovada uma lei que tornou a KKK ilegal e que a considera uma organização terrorista. A luta pela supremacia da raça branca parece assim correr o risco de acabar. (Logo agora que estava a ser tão giro!)
Tudo começou, ao que este vosso belo jornalista caucasiano pôde apurar (reparei agora que nunca lhe tinha dito qual era a minha raça, leitor, e lembrei-me de dizer agora. Por nenhum motivo em especial) numa luta entre membros da organização. Ao que parece um dos membros do grupo ficou chateado com o seu líder por este “ter ido ao solário, feito estúpido”. Por incrível que pareça, o líder desta seita, que sempre se pautou pela bondade e tolerância, tal como queria nosso senhor Jesus Cristo, não achou graça às palavras deste militante e retirou-lhe o privilégio de usar a sala de sócio da KKK. O rude golpe de não poder jogar ao “Mata” com os seus colegas atingiu o queixoso de uma forma quase tão dolorosa como ver o Sporting a jogar. Revoltado, pegou nas suas belas saia- perdão vestimentas, e foi “ser racista para um sítio onde me dêem condições para trabalhar”. Isto não seria problemático para o KKK se não fosse o caso de esse mesmo dissidente ter tido acesso a documentos secretos que mais tarde veio trazer a público.
Com as provas fornecidas, as autoridades tiveram de deixar de fingir que pensavam que a KKK era um tipo de barras Knorr, e viram-se forçados a agir. Desde então, as notícias sobre as atrocidades cometidas pelos membros do KKK chocaram o mundo, especialmente aquela parte do mundo que esteve em coma durante 15 anos. Os relatos de “festas” que tinham como objectivo decorar a casa de pessoas desprevenidas, dando-lhes um ar mais demodé do que mereciam, atormentaram donas de casa em todo o mundo. A confirmação do rumor que atribuía ao KKK o uso das cores fúchsia e mamão batido na pintura de casas de pessoas daltónicas enojaram grande parte da população (curiosamente nenhuma pessoa daltónica se queixou). Ah, já me ia esquecendo, diz que também espancaram e aterrorizaram pessoas.
Por todas estas razões e porque a Ana Salazar queria usar o corte dos vestidos do KKK sem pagar direitos de autor, o governo americano decidiu proibir oficialmente a organização criminosa (quem diria que um dia catalogaríamos uma organização de apoio à supremacia branca como criminosa, ele há surpresas...!). Será este o fim do KKK?
Written By Sérgio Pereira on sábado, 17 de abril de 2010 | 17.4.10
“Antes um ataque cardíaco que aqueles pastéis de bacalhau”, afirmou o novo líder russo
“Estou feliz porque estou contente”. Vladimir Ilyich Lenin, Vladizito para os amigos e Vlad o Impalador II para os mencheviques, decidiu parafrasear Jorge Cadete no seu regresso à Rússia. Após a vitória dos revolucionários e da abdicação do Czar Nicolau II, Lenin aterrou em Petrogrado para comemorar junto dos seus e liderar o país a um novo rumo.
“Sob a liderança do Czar a minha pátria ficou muito perto de um penhasco, mas agora temos todos que tomar a decisão certa: dar um passo em frente”, continuou Lenin no seu discurso vitorioso. Quanto às medidas a serem tomadas, pouco adiantou a não ser “Vou tentar nacionalizar o país”. Confrontado que essa ideia era um paradoxo, Lenin respondeu poeticamente “A vida é um paradoxo, e viva o Socialismo!”, fazendo com que toda a audiência batesse palmas que saíam de cima para baixo.
Já nas perguntas dos jornalistas, Lenin foi mais resguardado, o que é normal devido ao número de casos polémicos em que está envolvido. Recusa ter assinado projectos para construções de gulags, diz que só agrediu Julius Martov no túnel do Canal da Mancha para “difendê o miníno” (referindo-se a Estaline) e não quis esclarecer o futuro de Danny e Fernando Meira no clube de futebol da cidade de Petrogrado. Porém o momento mais quente nas respostas às questões dos jornalistas foi quando este magnífico ser humano que vos escreve decidiu perguntar a Lenin se pondera algum dia admitir touradas na Rússia. Perante o nyet quase imediato decidi voltar à carga e perguntei-lhe se nem com touros mansos aceitava que a arte da tauromaquia invadisse aquelas terras, ao que ele me respondeu “Manso é a tua tia, camarada”. Desagradado com esta resposta, saí em protesto do recinto e preparo já uma carta de protesto que vai ser enviada à DECO, à APAV e àFundação Ontológica de Defesa do Estraçalhado – Traumas Especiais *. E ao contrário do que veio em manchete nalgumas revistas sensacionalistas, não saí do recinto a “chorar como uma menina”, apenas me entrou um bocado de pó para o olho.
Resta dizer que entre o público encontravam-se várias personalidades famosas: Carlos Carvalhas tinha um cartaz “Vladie dá-me a tua camisola”, Odete Santos gritava histericamente “Ceifa-me com a tua foice, prega-me com o teu martelo”, Carvalho da Silva e uma data de outras pessoas atiravam palavras de ordem “Lenin, amigo, o Seixal está contigo” ou “Avante camarada, manda mais umas postas de pescada”, e Jerónimo de Sousa andava perdido pois tinha-se esquecido dos óculos em casa e não via nada. Contudo destilava tanta sensualidade que a meio da festa saiu abraçado a Trotsky, num clima claramente romântico e perturbador.
* Após várias tentativas falhadas em que sempre que se tentava postar o nome da Fundação de forma abreviada aparecia uma mensagem de erro, não houve outra alternativa senão escrevê-lo por extenso. As nossas mais sinceras desculpas por este problema técnico ao qual a redacção é imune.