Por volta das 23:40 de ontem, dia 14, o navio-cruzeiro Titanic embateu em algo que quebrou o casco e provocou a entrada de água, levando consequentemente ao afundamento já nesta madrugada, dia 15. Há um incontável número de mortos, feridos, hipotérmicos, hipoglicémicos e hipocondríacos. A maior parte das vítimas mortais são homens, já que mulheres e crianças foram os primeiros a ser colocados em botes. Caso agora estejam a perguntar-se “Então mas se você, jornalista, é um homem, como é que se safou desta?” eu esclareço mas só escrevo isto uma vez. Consegui entrar no camarote de uma mulher e arranjar para lá umas roupinhas bem jeitosas. E não vamos falar mais nisto. Esta saia tem um tecido mesmo suave, a sensação que provoca quando toca na pele… hum!!! Bom, seguindo em frente e esquecendo isto de uma vez por todas.
Como foi dito no início da notícia, o navio embateu ontem à noite em algo. Sobre o que seria esse algo ainda não há muitas certezas. O comandante do navio, de nome Capitão Iglo, diz somente que era uma grande massa, enquanto que os passageiros se dividem: uns falam num iceberg, outros no Fernando Mendes. Esta última hipótese já está, porém, fora de questão, pois as pessoas que defendem essa teoria não viram nenhumas assistentes jeitosas nem nenhum voz-off que se ri com tudo o que dizem. Já a hipótese do iceberg é mais provável, apesar de os republicanos contestarem muito essa teoria com a premissa “Então mais isto não andava aí um aquecimento global do camandro? As calotas eram para estar todas derretidas como um gelado no Saara!”.
Após o embate, a entrada de água foi inevitável, o que conduziu os passageiros e tripulação do Titanic ao desespero, tal como se estivessem a conduzir um Toyota Prius ou fechados dentro de uma igreja sozinhos com um padre. Foram raras as pessoas que se conseguiram manter calmas durante o processo do afundamento: além das que iam morrendo e sossegavam de vez ao pé dos peixes, só este famigerado jornalista manteve a compostura porque tinha uma reportagem para realizar (estes saltos altos é que não ajudam nada para correr de um lado para o outro).
Mas mesmo em tempo de tragédias e no meio de correrias, o amor acontece. Enquanto procurava por umas cuecas que não apertassem tanto na braguilha e um soutien copa DD, apanhei Rose DeWitt Bukatter e Jack Dawson enfiados numa charrete que já mais parecia um barco com rodas e vidros… embaciados. Questionados sobre o que estavam ali a fazer e porque não andavam a tentar salvar o coiro, Rose respondeu “O Jack precisava de se aquecer de alguma maneira” e Jack afirmou “Tenho frio”. E lá os deixei continuar, mas aquele chapéu de penas da Rose assenta na minha cabeça quadrada que é uma maravilha.
Entretanto a confusão continuava. Enquanto percorria os corredores do barco apercebi-me de muita gente em grandes dificuldades na luta contra a água. Como magnífico ser humano e profissional que sou, tentei recolher algumas palavras junto dessas pessoas, e curiosamente as opiniões convergiam: “Glu glu glu, ajuda-me se faz favor, glu glu glu, pára de escrever e dá-me aqui uma mão, seu grande glu glu glu jornalista.”. Isto demonstra a consensualidade que existia dentro do barco naquela altura: era necessária ajuda urgente e eu sou um grande jornalista.
A ajuda não veio e eu continuo a ser um exímio plumitivo. Por volta das 2:30 da madrugada o Titanic acabou mesmo por se afundar. Esses momentos já os testemunhei ao longe, sentado num bote em segurança. Mas nem tudo é um mar de rosas. Para estar sentado num bote com uma saia vestida é preciso meter as pernas numa posição bem esquisita. Felizmente tinha ido à Corporación Dermoestética antes da viagem, se não até parecia mal. Ainda voltei a apanhar Rose e Jack no meio do mar. Perguntei-lhes se precisavam de alguma coisa e eles responderam “Temos frio. Esse é o meu chapéu de penas?”. Como tinham cara de quem estavam bem, segui viagem. Espero que se tenham safado, faziam um casal bem bonito, a aristocrata com o vagabundo. Ainda há-de haver alguém capaz de fazer um filme lamechas sobre eles.
Editado: 15 de Abril
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