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Índia descoberta por indivíduos que nunca foram ao Barreiro

Written By Sérgio Pereira on sábado, 21 de maio de 2011 | 21.5.11


Foi num clima de festa e alguma embriaguez sórdida que os portugueses festejaram mais um triunfo internacional. Não, o FêCêPê não ganhou mais nenhum caneco, e mesmo que ganhasse não se falava de portugueses a festejar bêbados. Para isso existe o Benfica. Falo, obviamente, da chegada da armada de Vasco da Gama a Calecute. Porém, a folia inicial dissipou-se quando Vasco perguntou pela Madre Teresa e os nativos lhe responderam “Isso é em Calcutá, sócio!”. O semblante carregado tomou conta da armada lusa mas não por muito tempo, pois afinal de contas havia mulheres todas nuas à frente deles.

Fome, miséria, call-centers. Estas foram algumas das realidades por que Vasco & Cia. não passaram, pois foram recebidos na Índia como heróis. Heróis não só por terem atravessado “mares nunca dantes navegados” para ali chegar, como também por o terem conseguido perdendo somente “uma catrefada de marinheiros” por escorbuto e “outros tantos que saltaram das caravelas com medo de apanhar escorbuto”. Em exclusivo ao Jazigo, o comandante marujo Pinto Salgado afirmou “Só tenho a dizer que estamos felizes porque sim, e que não admito piadas com o meu nome”. Nisto um indiano aproximou-se e perguntou ao comandante “Importa-se de ser o primeiro acepipe genital de sempre?”. E foi este o momento da mudança. Os colegas de viagem de Pinto Salgado começaram-se a rir e o pobre coitado foi meter-se de molho… peço desculpa, foi para a sua tenda embirrado.

Quanto a Calecute propriamente dita, Vasco da Gama pouco ou nada tinha a dizer: “Olhe, sabe, sobre Calecute eu pouco ou nada tenho a dizer”. Com uma notícia para acabar e um comboio para apanhar, perguntei ainda ao marinheiro, se bem que de forma rápida, quais eram os planos para o futuro na Índia, ao que o te-te-te-te-tetra-avô de Luís Amado declarou: “Bom, para já estamos a pensar nuns outsourcingzitos, pois Portugal está a precisar de médicos especializados em doenças terceiro-mundistas que dêem consultas à distância. Você sabe: peste, varíola, vontade de construir passarolas… Depois também tencionamos descobrir uma iguaria qualquer que deixe as pessoas a bufar pelas orelhas, e que lhes provoque mais doenças que só os médicos em outsourcing podem tratar. Para finalizar, mas só se tivermos tempo, ainda queremos passar a fronteira para o Paquistão e dar cabo do canastro ao Bin Laden. Esse maldito pirata afundou-nos mais navios do que o Adamastor e o monstro do Loch Ness juntos”.

Com todos os dados recolhidos, fui tratar de apanhar o comboio a Nova Deli com destino a Paris. Quase que o perdia: não porque ele já tivesse partido, que já tinha; não porque fosse depressa, porque é fácil apanhar em andamento um comboio que vai a cinco à hora. Quase que o perdia porque nunca tinha visto um comboio com as carruagens dispostas em posições do Kamasutra, e perante aquele espectáculo soberbo, aquela maravilha deste mundo e de todos os outros, até me esqueci qual era a minha carruagem: a “bigorna” ou o “carrinho-de-mão”.

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