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Bee Gees cometem crime! Irmãos Gibbs dão o seu primeiro concerto em solo americano.

Written By Tiago Lacerda on sábado, 29 de janeiro de 2011 | 29.1.11

Quando um fino e agudo zumbido me entrou de forma irritante pelos ouvidos adentro soube que a hora tinha chegado, que o primeiro concerto dos Bee Gees em solo americano começara. Aproveitando o meu lugar privilegiado (estava em cima de um monte a cerca de 25 quilómetros do palco) descontrai e tentei relaxar. Não consegui. Mesmo no meu lugar de sonho que me permitia ver (com binóculos) os irmãos ao longe, o som penetrava em toda a área sem respeito nenhum, como se fosse uma estrela porno masculina hiperactiva que vinha em ondas irritantes e constantes.
Resignado levantei-me, e no cimo do monte ponderei as minhas opções. Podia ir-me embora e inventar uma história qualquer sobre o concerto, mas o meu sentido ético e sobretudo a minha falta de imaginação não mo permitiam. Podia ficar ali, esperar ter um ataque cardíaco e fazer sozinho a minha reanimação cardíaca ao som da música Stayin’ Alive, só para ter a experiência de como seria recuperar de um ataque cardiaco com essa música para em seguida falecer devido aos ultra-sons emitidos pelos irmãos Gibb. Também não me pareceu boa ideia. Optei, por isso, por me ir dirigindo até à farmácia local comprar tampões (dos que as mulheres usam), metê-los nos ouvidos e dirigir-me ao backstage na esperança de conseguir uma entrevista exclusiva.
Isto revelou-se um erro. A parte dos tampões foi bem pensada, mas a entrevista que consegui no backstage não se revelou interessante nem pude fazer nada com o material recolhido devido a um erro meu. É que, imperdoavelmente, tinha-me esquecido do meu morcego chamado Maurício em casa. E sem um animal capaz de captar, suportar e por fim traduzir os sons que saíam das bocas dos três irmãos, a entrevista revelou-se tão inútil como todas as entrevistas feitas por Daniel Oliveira. Nem mesmo as minhas infalíveis perguntas de “que dizem os teus olhos?” e “E os teus rins que dizem?” me serviram de muito.
Triste com a minha fraca performance jornalística, abandonei o recinto. Tive sexo com três prostitutas que foram simpáticas o suficiente para me dizerem que também elas estavam desiludidas com a minha performance. Jornalística, claro. No entanto, enquanto ia a conduzir em direcção a casa (ao som de Moonspell para pôr os meus agudos e graves outra vez no sítio e para cometer aqui um anacronismo giríssimo) pensei para comigo “ se calhar nem foi mau de todo”. Se eu tivesse feito o meu dever de jornalista, tinha levado o Mauricio e este teria muito provavelmente falecido em 48 horas devido a surdez que o incapacitava de se desviar das estalactites que tenho em casa. Assim falhei como jornalista mas estive bem como dono de um animal de estimação, pensei sorrindo de mim para mim que é mais ou menos o mesmo que dizer que me rio sozinho.
Todo contente continuei o meu caminho. Quando cheguei a casa encontrei o Mauricio morto. O CD dos Bee Gees que eu tinha comprado para melhor me preparar para o concerto estava a tocar. O Mauricio estava no chão com todo o ar de quem tinha batido numa estalactite.
Oh amarga ironia!

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