Mussolini. Controverso por vezes, polémico quase sempre, fofinho de vez em quando. É assim que, segundo um questionário imaginariamente exaustivo, o povo italiano vê o outrora membro do partido socialista. Mas talvez a imagem deste nenuco vestido de anjo da morte negro se esteja aos poucos a tornar mais animadora para Benito. Depois de no outro dia ter afirmado que (no que a controvérsia da pasta dizia respeito) “Na pasta tudo, nas pizzas não tradicionais e na fast food nada” viu os seus índices de popularidade subirem. Muitos críticos políticos e gastronómicos acusam Mussolini de se ter aproveitado do medo que existe na classe média alta, de verem as suas mesas inundadas de pratos típicos de Moscovo de forma populista e abjecta. A resposta de Benito veio na forma de acusação “Se esses meninos vissem o programa que o Jamie Oliver fez sobre a comida russa já não cantavam de galo. Por falar em galo, sabiam que lá eles comem a uretra e os testículos do galo banhados em caramelo?” Populista ou não, a verdade é que Mussolini aproveitou os bons ventos que sopram e o empurram em direcção ao topo, e decidiu ontem dar O passo em frente.
Foi com grande pompa, alguma circunstância e um ar condicionado desligado (uma vez que o vento que soprava Mussolini em direcção ao topo se encontrava na sala, a direcção achou que seria um desperdício ligar o ar condicionado uma vez que a temperatura já era mais fresca dentro da sala do que lá fora) que Benito Mussolini, ex-membro do partido socialista, anunciou a criação do Partido Fascista. “O partido assentará a sua politica” – começou por afirmar Benito “numa luta contra o bolchevismo, numa luta contra os inimigos de Itália e numa luta contra todos aqueles que disserem que a ideia de voltar a utilizar o Coliseu para uma luta entre dois cães de raça e um mestiço é estúpida!”. As palmas que em seguida encheram a sala impediram muitos jornalistas de ouvir uma ou outra frase do discurso que Mussolini continuou a proferir, mas eu ouvi e posso dar em exclusivo a informação de que não era nada de especial, e de que não se perdeu grande coisa. Apenas umas referências sobre começar a viver numa ditadura. E andar em guerra com um país que não se pode defender, porque as ultimas armas que tinha foram derretidas e misturadas com migalhas de pão de forma a fazer barras energéticas de 30 cm que segundo o governo local deverão alimentar uma família de 7 pessoas durante duas semanas.
O discurso de Benito estava a chegar ao fim quando de repente um grande estrondo assusta toda a sala, e faz o vento que apoia Mussolini desmanchar o meu penteado que me tinha demorado duas horas e três caixas de patchouli a fazer, devido ao cagaço que apanhou. Depois do estrondo começa-se a ouvir por toda a sala uma música rock terrivelmente agitada e barulhenta (penso tratar-se de Love Me Tender do endiabrado Elvis Presley) e em cada ala da sala milhares de soldados vestidos com o novo uniforme do partido entravam. (Agora que visualizo bem as coisas, é impossível que fossem milhares uma vez que a sala não tinha tanto espaço. Uns 3 soldados, vá). Entraram uns a marchar, outros fazendo piruetas de ballet dignas de – Colocar aqui o nome de um gajo que seja espectacular no ballet que eu não conheço, e se você conhecer leitor deixe-me dizer-lhe isto, o ballet é para meninas. Quando a música por fim acabou os soldados levantaram todos os seus braços direitos como se estivessem a fazer um “Avé César” e a pirotecnia entrou em acção. Foi maravilhoso de se assistir, especialmente quando um lança-chamas se descontrolou e queimou um dos soldados. Mas como depois o Partido libertou uma nota de imprensa onde afirmava que aquele era afinal um comunista disfarçado, deu-se o dia como ganho.
Os dados estão agora lançados. E perdi. Disse que saia um sete e acabou por cair um cinquenta e três, acontece. Mussolini ri-se na minha cara e diz-me “Não se preocupe que não lhe vou exigir que me pague esta dívida, já basta aquele espancamento que mandei dar à sua namorada por ela ter umas sobrancelhas mais ou menos parecidas com as do Lenine”. Felicíssimo com o choque que provocou em mim, não que eu me importasse que a minha namorada levasse uns tabefes se a tivesse, como não tenho só posso supor que a minha senhoria não me pede a renda este mês, o que só pode ser uma vantagem, Benito riu-se quando lhe perguntei sobre o futuro e disse “O Futuro? Ao estado pertence. Mas digo-lhe, que eu seja morto a tiro se isto do fascismo não correr bem!”. É aguardar e ver no que isto do fascismo dá.
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