O ambiente que se vive nas ruas é eufórico. Por todo o lado milhares de mulheres dão largas à sua alegria saltando e gritando vivas. Os seus festivos pinotes contagiam de entusiasmo muitos homens, que ao verem os órgãos glandulares mais proeminentes das senhoras também em festa, dizem para consigo mesmo que “se era só dar-lhe o direito do voto para termos o privilégio de ver mamilos saltitantes devíamos ter feito isto há muitos anos atrás!”. E devíamos mesmo. Não só pelas espectaculares e imaginativas cabriolas mamárias, mas sobretudo por uma questão de igualdade. As mulheres merecem tanto (ou mais) terem o direito ao sufrágio como homens. Aliás, eu diria mesmo que, se esta moda americana pegar, em Portugal deveríamos ter uma eleição em que só as mulheres votavam. As minhas leitoras não se ofendam, mas eu acho que nas eleições presidenciais apenas as mulheres deveriam votar. Afinal de contas elas é que percebem de decoração não é caros leitores? (Pumba! E esta piadola constitucional que de uma só assentada ataca a principal figura do Estado, garante que eu nunca mais arranje namorada e dá um coice fortíssimo na imparcialidade jornalística que me é conhecida?).
Enquanto continuo a minha passeata pela avenida em festa, dou comigo a pensar na luta que estas mulheres tiveram de travar para chegar aqui. (Na verdade eu andei entre elas mais para ver se os rumores de que duas gémeas suecas de enormes seios andavam por ali eram verdade. Infelizmente não eram. Realmente haviam duas irmãs gémeas mas eram francesas, tinham bigode e os seus seios eram quase tão relevantes como as opiniões politicas de Castanheira Barros). Susan Anthony, e a sua morte prematura (era uma jovem de 86 anos) que não lhe permitiu ver este dia chegar. Mary Rose, que se disfarçou de homem para poder votar nas presidenciais, tendo para isso deixado crescer o buço durante três anos. Ou ainda a saudosa Chole B., uma senhora obstinada e com poucas dívidas à beleza, que fingiu ser um travesti para poder votar mas foi escorraçada a pontapé da cabina de voto. Entre tantas outras heroínas que deixaram as suas casas para lutarem pelo seu direito ao sufrágio, deixando os seus maridos sem jantar e atrasando a contagem de votos.
À medida que me afasto do local onde os festejos são mais audíveis, entro numa zona da capital americana mais negra. Por aqui o espírito não podia ser mais diferente. São aqui que se encontram os derrotados, os que sempre se mostraram contra esta lei. Centenas de homens, a grande maioria políticos ultra-conservadores e tementes a Deus , choram. Pobres coitados. Eles que sempre sofreram o peso do poder nas suas mãos, que sofreram horrores a moldarem o mundo à sua imagem, que sempre suportaram as amarguras de ser um privilegiado, vêm-se agora, com o direito ao voto das mulheres, mais ou menos na mesma situação. Mas como me disse um deles, cujo rosto era a própria definição da tristeza em pessoa (e da filha-da-putice também) “Sim, continuamos a mandar nisto tudo, mas não é a mesma coisa. Agora não podemos dizer que as mulheres são seres inferiores e assim sendo o que vamos passar a fazer as terças-feiras á tarde, aprovar leis não?”.
À medida que me afastava enojado deste grupo de Zézes Camarinhas vestidos em camisas de polyester, percebi que embora esta fosse uma grande vitória para as mulheres, estas ainda têm de trilhar um longo e duro caminho (tendo de por vezes recorrer a remédios cor de céu para conseguir que esse caminho fique num estado “transitável”). Levará ânus até que as mulheres sejam vistas pelos homens como iguais. Esperemos, no entanto, que a viagem até esse ponto se não pode ser curta que seja ao menos gostosa.
Eu, para mim, vocês mulheres são iguais a nós homens. Só que em bonito.
0 comentários:
Enviar um comentário