Hoje é o dia. Hoje é 28 de Agosto, e logo há noite o Benfica terá de provar que não é uma equipa medíocre. E terá de demonstrar que Roberto é um guarda-redes ou, quanto muito, um apanha-bolas que joga adiantado no terreno. E terá de fazer isto tudo contra o Vitória de Setúbal, uma equipa que o ano passado perdeu 8-1 na Luz. Vou gostar muito de ver esse jogo sim senhor, vai ser bem interessante e divertido para quem não é do Benfica, porque os benfiquistas vão roer o sabugo até às unhas.
Mas não é o futebol que me traz aqui. Por muito engraçado que seja fazer piadas sobre o Benfica, o que me leva a escrever esta notícia é outro assunto. É também hoje, dia 28 de Agosto, que o mundo vai mudar. Dois discursos essenciais, emotivos, acalorados, esperançosos, afincados, propagandistas, fogosos e revolucionários. Porém só um deve ser levado a sério, o outro mais vale ser aplaudido moderadamente por simpatia para com o orador.
Martin Luther King Jr., um activista afro-americano, irá discursar durante cerca de dez minutos em frente ao Lincoln Memorial na capital dos EUA, Washington D.C., onde se insurgirá contra o racismo e apelará à igualdade e respeito das diversas etnias. Também divulgará o que muita gente espera há anos: onde fica o McDonald’s que usa óleo dentro do prazo de validade.
Logo depois, será a vez de Glenn Beck subir ao palco. Quem é Glenn Beck? Glenn Beck (fixem bem este nome, que agora que entrou nas vossas vidas nunca mais vai sair. É mais ou menos como aquelas nódoas que nem com Blanka OxiAction saem) é um… como meter isto de forma que passe uma imagem imparcial da minha pessoa? … é um leviano comentador político a quem se lhe devia cortar a língua e os dedos. E mesmo assim continuaria a ser um perigo público, por isso deitem-lhe também o fogo. Não é preciso ser nada muito elaborado, é só mesmo regá-lo com diluente, acetona, atar-lhe uma corda à cintura e atear a mesma cá de bem longe. Certamente estarão intrigados com este meu ataque de isenção extrema, típica de qualquer jornalista profissional com muitos anos de serviço, atributos que não se aplicam ao meu ser. Mas passo a explicar. Glenn Beck (por mais que se esfregue não sai o safado) é um ultra-conservador que vê socialismo e nazismo em tudo. A sério, em tudo. Onde pessoas normais vêm Jesus Cristo ou a Virgem Maria numa mancha na casa de banho e pessoas inteligentes vêm um grave problema de humidade, Beck vê um ataque aos valores base de uma sociedade moderna, valores base tais como o direito a ter um escravo e a enriquecer à custa de pessoas que não sejam caucasianas e cristãs. Resumindo, o que qualquer maluquinho de extrema-direita pensa. Por isso faz todo o sentido que Glenn Beck fale no mesmo dia e no mesmo local que Luther King. Bem, não é exactamente no mesmo local, isso aí atingiria níveis profanos de indecência. Beck vai discursar dois degraus abaixo de onde discursará King.
Os leitores agora poderão pensar “Ora, Luther King já discursou há uns anos bons (foi em 1963, incrível como tenho leitores tão ignorantes) e o Glenn Beck só vai discursar realmente hoje, 2010, 47 anos depois de King. Não há aqui um ligeiro, ligeiríssimo mesmo muito pecarrucho, anacronismo?”. Ao que eu respondo “Sim, há. E depois, algum problema? Não gostam vão buscar estas informações de credibilidade testada pela UE (União dos Emplastros) a outra fonte. Quero ver se encontram igual. E se encontrarem, nós devolvemos-lhe alguma da sanidade que perdeu neste blog. Só não devolvemos toda porque precisamos de uma parcela para nós, autores do blog, que temos pouca.”.
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