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Jornal InCultural chega às bancas com promessa de bons artigos e péssimos faqueiros

Written By Sérgio Pereira on quinta-feira, 27 de setembro de 2012 | 27.9.12


Aproveitando o bom momento que a imprensa atravessa, um iletrado de nome Teotónio da Cunha Sem Sobrenome decidiu criar um jornal semanal que dá atenção a todas as temáticas que os periódicos dedicados à cultura ignoram. A primeira edição do Jornal InCultural chega na próxima segunda-feira às bancas de todo o país e também da Amadora, e todos podemos esperar “o melhor dos mais desnecessários semanários desde que O Independente acabou”, utilizando as palavras de Teotónio. Utilizando as minhas palavras, diria que este jornal é um grave atentado à mesma inteligência humana que nos tem mantido na vanguarda em relação aos outros seres vivos que habitam este planeta, um insulto catastrófico aos génios que, durante milénios, descobriram e desenvolveram as maravilhas deste mundo complexo e fabul… cocó, o Jornal InCultural é cocó. Mas escrevo como jornalista, por isso devo reportar-me apenas aos factos e deixar os meus comentários estúpidos no bolso. Falemos então um pouco do que se poderá ler neste novo semanário incultural.

Nesta primeira edição, o grande destaque vai para uma reportagem sobre a vida do empregado de limpeza do Museu da Cerveja. O jornalista/repositor de stocks Armindo Teixeira chegou à fala com o senhor Dionísio, e ambos percorreram os corredores lavados com Ajax Fabuloso Flores Silvestres, acompanhados de histórias de vida e de comentários sobre o último jogo do Benfica que Dionísio lançava ao acaso, degustações constantes da doce cevada e posteriores vomitações em sanitários equipados com Harpic Lavanda.

Além desta reportagem, encontram-se também as críticas a obras inculturais recentes. Elisa Fundilhos, conhecida agente imobiliária e ninfomaníaca, traz-nos a sua visão sobre o último filme de Óscar Alho, “O Senhor dos Pincéis: As Duas Mamalhudas”. Nesse artigo, que poderá ser lido na íntegra na próxima segunda-feira, Elisa escreve: “Em 87 minutos de altos e baixos - tanto estão em cima da mesa da cozinha como no chão – o grande destaque vai para o protagonista, Heitor Desbravador, e pela entrega que mostrou na única fala que tem no filme (e na única fala que o filme tem). Nunca as palavras ‘Quero descobrir todos os caminhos desconhecidos do teu pacote’ tiveram uma carga tão emotiva, e Heitor mostrou ser dotado de grandes capacidades representativas. Já o seu pénis era diminuto”.

Destaque ainda para uma retrospectiva sobre a exposição “Cavalos e outras coisas”, em que a artista plástica Alcina Palmeira fez uma colagem de fotografias de festas do social publicadas na revista Caras, e em nenhuma dessas fotografias aparecem cavalos, o que tem levado a profundas análises semiológicas dos visitantes, tais como “Isto é estúpido”, “A mulher deve bater mal” e “Então mas onde caralho estão os cavalos? A Lili Caneças não conta”.

Por fim, de referir ainda que Filipa da Cunha Sem Sobrenome, a filha de 7 anos do director do Jornal InCultural, escreveu um pequeno artigo explicando a letra da popular música “Call Me Maybe”, de Carly Rae Jepsen: “Ela tipo tem vontade em apaixonar-se e viu este rapaz suuuuuper-giro e apaixona-se logo por ele mas acabou de o conhecer e não quer tipo dar já a entender isso porque não quer parecer desesperada mas mesmo assim sente-se atraída por ele e decide que tem de fazer alguma coisa senão pode perdê-lo por isso até porque ela sente que o conhece tipo há muito tempo como se sempre estivessem destinados um ao outro mas até então isso ainda não tinha acontecido e ela sentia-se tipo sozinha mas agora ela pode finalmente ficar com ele mas tem de ir cuidado para não o assustar por isso pergunta-lhe se ele lhe quer telefonar talvez tipo só se ele quiser sem pressões. Eu acho que eles vão ficar juntos tipo são perfeitos um para o outro.”

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