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Nada agrada a gregos e troianos, excepto Helena, um cavalo, e Helena e um cavalo

Written By Sérgio Pereira on sábado, 23 de abril de 2011 | 23.4.11


Está tudo farto de guerra. É esta a conclusão a que se chega ao ver gregos preparando uma retirada de Tróia. Meninos! Se vissem os americanos a aguentar ali estoicamente no Afeganistão, até tinham vergonha de lutar de túnica! Mas bem, são gregos, gostam mais de pensar do que andar a carregar espadas e arcos de trás para a frente. Se bem que, segundo cálculos a que o Jazigo teve acesso de forma exclusiva, um livro do Aristóteles pesa mais do que todo o armamento do exército helénico.

E tudo isto exactamente por causa de Helena, essa meretriz espartana que trocou o marido Menelau por Páris, o príncipe troiano, a badalhoca. Agora se permitem a este modesto jornalista dar uma opinião, é para mim mais que claro que eles se amam, tal como Édipo amava a mãe. Em conversa com Menelau, o rei espartano confidenciou-nos: “Obviamente que esta atitude dela só podia dar em guerra. Tudo bem que foram demasiados anos a lutar, mas ainda assim muitos menos do que dura uma novela da TVI. Só que também não posso ser julgado. Quem é que não comete uma loucura ou outra quando a nossa esposa é muito idêntica à Diane Kruger?”. Confrontado com a hipótese de Helena ter fugido por culpa de má performance sexual do marido, Menelau respondeu irado: “O QUÊ? Nem pensar, é tudo mentira, provavelmente da Briseida, essa troiana maldita que só causa confusão! Deixou o Aquiles louco, virou-o contra o Agamémnon, fez um arroz de cabidela com um soldado morto, … maldita hora em que a raptámos!”.

Com a guerra acabada, o que se seguia? Em conversa com Aquiles, fiquei muito perto de me tornar larilas. Aqui ficam as declarações essenciais do guerreiro que é também pai de meia dúzia de meninos africanos: “Ai, o futuro, o futuuuuuro, ui! O futuro é uma incógnita maior do que a orientação sexual do José Carlos Malato. Teremos de esperar para ver. Para já tenho aqui este enorme cavalo de madeira, giríssimo, que o Ulisses idealizou, para dar de prenda aos troianos, por todo este transtorno e sujeira que criámos. Sem segundas intenções, é mesmo só para compensar os estragos. Dez anos de guerra, ainda por cima por causa de uma mulher - que nojo! – é coisa para deixar umas nódoas nas alcatifas bem difíceis de tirar. Por isso vamos deixar este cavalinho aqui e vamos embora, ninguém precisa de se preocupar mais com mortes e invasões e isso”.

Seja por influências do arco-íris que Aquiles emanava da boca, seja mesmo por sinceridade, o cavalo é mesmo uma obra-prima. Parabéns Ulisses, por esta preciosidade vale a pena até a tortura mais desumana com o canto das sereias e também todos estes anos afastados da esposa, que compensa a falta de Bunga-Bunga fazendo renda de dia e desfazendo à noite. E dezenas de homens à espera dela, pronto para o que der a vier, mas ela nada. Além de pobre e mal-agradecida, também passa por má costureira. 

Contudo, tenho a dizer que há algo de estranho com o cavalo. A barriga é muito grande e saliente. Se calhar é uma égua e está prenha. Os troianos que tenham cuidado, se aceitarem este cavalo ainda se habilitam a que lhes nasçam uns potros dentro das muralhas da cidade.

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