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Depois de largos anos de batalhas (sobretudo de bebida) a Escócia torna-se num estado.

Written By Tiago Lacerda on sexta-feira, 18 de março de 2011 | 18.3.11

Com o sol a nascer sobre os seus campos verdejantes (agora sujos de sangue, tripas e bilhetes para ir ver “Homem Aranha - O Musical”), nasce também um novo amanhã para a Escócia. Mas nenhum escocês se manifesta. Nenhum escocês canta de alegria ou saúda o sol como o velho amigo que é. Não, estão todos de ressaca. O cheiro a vómito e a mixórdias mais esquisitas que o Sumol de laranja e chocolate, impregna o ar de forma sufocante, deixando qualquer um agoniado. Felizmente que temos a maravilhosa visão do nascer do sol sobre milhares de escoceses peludos a usarem kilts. Caso contrário, não sei como é que este vosso repórter suportaria este horror, não fosse a oportunidade de quando em vez pontapear nos tomates um destes bandidos para assim aliviar a pressão.

Com o avançar do dia e já com o Sol no seu Zénite, os escoceses começam a acordar aos poucos. Estão como sempre estão as pessoas depois de uma revolução: zonzos mas alegres, confusos mas satisfeitos, livres mas fartos de ouvir Zeca Afonso. É só quando uma enorme carroça (apedrejada pelo caminho devido à greve dos carroceiros) chega com quantidades industriais de cerveja, que o outrora campo de batalha ganha vida. Assim que os escoceses se levantam e pegam nos seus pesados machados, eu, Tiago Lacerda, tomo a corajosa decisão de parar de insinuar nesta notícia que os escoceses são um povo bêbado e rude. Por nenhuma razão em especial, claro, embora deva confessar que o machado atirado por Sir Mckualgaunhll, que me passou rente a cabeça, foi bastante mais persuasivo do que eu estava à espera.

À medida que o campo ganha vida, há um nome que o corre como o vento corre pela erva alta (leia-se à bruta) - William Wallace. O herói caído em Falkirk (juro que não inventei esta!), é considerado o grande obreiro de tudo o que recentemente aconteceu na Escócia. Para os meus leitores portugueses terem uma noção, William Wallace é visto na Escócia da mesma forma que Salazar foi visto em Portugal durante muito tempo (nomeadamente pelo Benfica). A única coisa que não possui é o fascismo, mas para isso é que o Mel Gibson cá anda. Tal devoção a Wallace deixa, como se sabe, Robert the Bruce, o verdadeiro rei, chateado, mas os escoceses só se poderiam interessar menos por isso se ele se fosse casar com Kate Middleton.

À medida que a noite chega e que grandes fogueiras (onde infelizmente ninguém se lembrou de enfiar o Mel Gibson) são acessas os gritos de “FREEEEEDDOOOOOOOM” e “VAAAIIIISSSS SEEEER PROCEEESSAAAADOOOOO” ou ainda “PORQUÊEEEE?” a que se sucedia a resposta “ POOOOORQUEEE ISSSOOOO É MAAAAARCAAAAA REEEEGIIIIISTAAAADAAAA! ESPERAAAAA UMAAAAA NOTIFICAÇÃO DO TRIBUUUUUNAAAAAL EM QUIIIIINZE DIIIIIIAAAAAAAAASSS!” foram repetidamente ouvidos.

Parece que os escoceses finalmente perceberam que estão livres, que bom. Agora com licença, mas tenho de ir desinfectar-me todo com Quitoso. Não confio nas condições de higiene da idade média.

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